Para garantir a sua sobrevivência, as plantas devem ser aptas a restringirem o seu crescimento caso as condições ambientais não estejam favoráveis. Dessa forma, os cientistas investigaram qual substância poderia estar envolvida nessa restrição. Estudos em gemas dormentes verificaram a presença de um composto inibidor do crescimento vegetal, que foi denominado dormina. Pesquisas posteriores constataram que a dormina tinha a composição química idêntica a uma substância que promovia a abscisão de folhas e frutos, a abscisina, e por isso seu nome foi alterado para ácido abscísico ou ABA. O ácido abscísico é produzido principalmente em folhas maduras, sobretudo em resposta ao estresse hídrico, e também em sementes, sendo transportado tanto pelo floema como pelo xilema, mas é mais abundante no floema. Este hormônio está relacionado com a regulação do crescimento, maturação e dormência em sementes e fechamento estomático, principalmente quando a planta está sujeita a uma situação de estresse ambiental. Está presente em todas as plantas vasculares, em musgos e em vários gêneros de fungos.
Durante a maturação, o embrião pode dessecar e as sementes entrarem em uma fase chamada de quiescente, onde a germinação irá ocorrer se as condições ideais de luz, temperatura, água e oxigênio forem atendidas. Entretanto, muitas sementes não germinam mesmo em circunstâncias ambientais favoráveis, sendo denominadas de sementes dormentes. Existem diversos tipos de dormência, podendo ser imposta pela casca ou outros tecidos circundantes como o endosperma, ou ser intrínseca ao embrião. Neste último caso, essa dormência é relacionada com a produção de uma substância inibidora pelo embrião, em especial o ácido abscísico, e a ausência de um composto promotor, como o hormônio giberelina. Dessa forma, o balanço entre esses dois hormônios no interior das sementes poderá contribuir para a quebra da dormência. Outro papel antagônico desses hormônios está na síntese de enzimas hidrolíticas em sementes, que são essenciais na degradação das reservas armazenadas durante a germinação. O ácido abscísico é conhecido por inibir a produção dessas enzimas, enquanto a giberelina promove.
A elucidação da participação do ácido abscísico em respostas ao frio, salinidade e estresse hídrico levou a sua denominação como hormônio do estresse. A concentração deste hormônio pode aumentar dezenas de vezes sob condições de seca. Sua produção e acúmulo em folhas tem um papel relevante no fechamento estomático, evitando a perda de água por transpiração durante o estresse hídrico. A elevação da umidade reduz a concentração de ácido abscísico devido ao aumento da sua degradação nas células, o que leva a reabertura estomática. Alterações na pressão de turgor das células-guarda dos estômatos estão envolvidas na regulação desse processo. O aumento nessa pressão, que ocorre por causa do acúmulo de solutos, promove a abertura, enquanto que a redução no turgor leva ao fechamento estomático. Outro efeito deste hormônio em plantas sob déficit hídrico é a indução do aumento do crescimento das raízes. Esta resposta, juntamente com o fechamento estomático, auxilia a planta a enfrentar o estresse hídrico.
Apesar de ter sido isolado como um composto que promove a abscisão, sabe-se que o ácido abscísico causa esse efeito em apenas poucas espécies, sendo que o hormônio gasoso etileno é o principal envolvido nesse processo. Estudos mostram que o ácido abscísico contribui para a senescência foliar, processo que antecede a abscisão.
Referências bibliográficas:
Taiz, L. & Zeiger, E. 2013. Fisiologia Vegetal. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 918 p.
Raven, P.; Evert, R.F. & Eichhorn, S.E. 2007. Biologia Vegetal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 830 p.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/bioquimica/acido-abscisico/