Ácido úrico

Por Priscila Soares do Nascimento

Mestre em Ciências Biológicas (UFRJ, 2016)
Graduada em Biologia (UFRJ, 2013)

Categorias: Ácidos, Bioquímica, Sistema Urinário
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O ácido úrico é um composto nitrogenado formado por dois anéis de nitrogênio (N) e carbono (C) ligados a átomos de hidrogênio (H) e oxigênio (O), com fórmula geral C5H4N4O3. Nos organismos, ele é um produto metabólico eliminado pela urina, sendo a principal excreta nitrogenada de insetos, aves e répteis. Apesar da excreta nitrogenada principal dos mamíferos ser a ureia, o ácido úrico também é um componente da urina de seres humanos.

Ele é resultado da degradação de purinas (adenina e guanina), que são ácidos nucleicos presentes em alimentos proteicos como carne vermelha, peixes e frutos do mar, além de certos grãos como ervilha, lentilha e feijão. Parte do ácido úrico resultante dessa degradação permanece no sangue e o restante deve ser eliminado na urina. Atualmente os níveis de ácido úrico considerados normais no sangue não podem passar de 7,0 mg/dL para homens, e de 6,0 mg/dL para mulheres. Apesar disso, esses níveis podem subir, gerando a condição conhecida como hiperuricemia. Esse aumento de ácido úrico pode ocorrer pelo aumento de sua produção, pela sua baixa eliminação na urina, ou por interferência do uso de certos medicamentos.

A hiperuricemia pode gerar uma série de problemas de saúde, sendo um dos principais deles a gota. Os níveis elevados de ácido úrico levam a formação de pequenos cristais de urato de sódio, com formato semelhante a agulhas, que se depositam principalmente nas articulações. Essa deposição ocorre especialmente em membros inferiores, em locais como joelhos, tornozelos, calcanhares e dedos do pé, e pode provocar uma artrite aguda que configura a gota. Vale ressaltar que a gota também possui um componente genético e hereditário, e que nem toda pessoa com quadro de hiperuricemia desenvolve essa condição. A hiperuricemia e a gota são ainda fatores de risco para o desenvolvimento de hipertensão e estão associadas a um maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

As altas taxas de ácido úrico no sangue também provocam deposição de cristais de urato de sódio em outros tecidos e podem levar a irritações de pele (eritema). Como o sistema urinário é responsável pela filtração do sangue e eliminação do ácido úrico, ele é comumente afetado quando há hiperuricemia, podendo ser acometido por infecções. Nos rins, pode haver a formação de cálculos renais e em quadros mais avançados insuficiência renal aguda ou crônica.

Para normalizar quadros de hiperuricemia, recomenda-se beber bastante água, de forma a ajudar o organismo a eliminar o ácido úrico na urina. Além disso, devem-se evitar alimentos ricos em purinas para impedir uma maior produção de ácido úrico. Em contrapartida, muitos alimentos auxiliam na redução nos níveis de ácido úrico, como é o caso dos ricos em fibras como frutas e legumes. Alimentos ricos em vitamina C como laranja, limão, abacaxi e acerola também facilitam a eliminação de ácido úrico pelos rins, prevenindo o surgimento de cálculo renal. Outro tipo de alimento que ajuda a reduzir os níveis de ácido úrico são os ricos em gorduras poliinsaturadas do tipo ômega-3, como peixes, frutos do mar e algas. Além disso, é recomendado o consumo de alimentos com efeito diurético, ou seja, que estimulem a produção urinária, facilitando assim a eliminação do ácido úrico. Esse grupo inclui alimentos como agrião, pepino, cenoura, beterraba, berinjela, pimentão, tomate, cebola, alho, maçã, pera, melancia, melão, dentre outros.

Referências:

Borghi, C.; Verardi, F. M.; Pareo, I.; Bentivenga, C.; Cicero, A. F. G. 2014. Hyperuricemia and cardiovascular disease risk. Expert Review of Cardiovascular Therapy, 12 (10): 1219-1225.

Das, M.; Borah, N. C.; Ghose, M.; Choudhury, N. 2014. Reference ranges for serum uric acid among healthy assamese. Biochemistry Research International: 171053, 7 pp.

Perez-Ruiz, F.; Becker, M. A. 2015. Inflammation: A possible mechanism for a causative role of hyperuricemia/gout in cardiovascular disease. Current Medical Research and Opinion, 31(Suppl 2): 9-14.

Sites:

https://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/acido-urico/

https://drjulianopimentel.com.br/artigos/acido-urico-alto-sintomas-e-tratamentos/

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