Glicólise

Por Márcio Santos Aleixo

Bacharel em Ciências Biológicas (UNITAU, 2012)
Pós-graduação Lato Sensu em Perícia Criminal (Grupo Educacional Verbo Jurídico, 2014)

Categorias: Bioquímica, Metabolismo
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Para que a vida pudesse surgir e se desenvolver, foi necessária a criação de mecanismos de obtenção de energia. Em razão disso, surgiram formas para que isso pudesse ocorrer. A primeira estratégia desenvolvida era realizar esse processo sem o envolvimento do oxigênio, afinal, em tempos remotos da história evolutiva, ele não estava disponível no ar atmosférico. Nesse sentido, surgiu um processo denominado glicólise.

A palavra glicólise significa “quebra de açúcar”, o que dá uma ideia bastante sólida sobre o que ela se trata. Essa quebra é uma sequência de eventos que degradam a glicose, transformando-a em duas moléculas de piruvato ou ácido pirúvico e liberando energia. Ela é uma via de obtenção energética que ocorre na grande maior parte dos organismos vivos e se dá no citosol das células. Assim, pode-se dizer que a glicólise é representada, grosso modo, por:

Glicose → 2 Piruvato + Energia

Certo! Mas antes de saber o que, de fato, ocorre na glicólise, é necessário saber o que essa energia realmente é. Essa energia é o “combustível” utilizado nos processos e reações celulares do organismo. Esse combustível é derivado de uma molécula chamada adenosina trifosfato ou ATP. O ATP é uma molécula composta pela base nitrogenada adenina, açúcar e três fosfatos. A energia que tanto se fala é oriunda, justamente, das duas ligações que unem os fosfatos. Elas são ligações de alta energia que, quando necessário para alguma função ou reação do corpo, são quebradas liberando energia suficiente para esses eventos.

Em cima do que foi explicado no parágrafo anterior, pode-se dizer que a glicólise é um processo com baixa eficiência na obtenção de energia. Isso se faz verdadeiro porque ela acaba produzindo apenas duas moléculas de ATP para cada uma de glicose que passa pelas reações. Não obstante, ela se mostra de extrema importância. Isso ocorre porque, muito embora ocorra baixa produção energética, são produzidas duas moléculas de piruvato, substrato da fosforilação oxidativa. Ademais, a glicólise faz parte da respiração anaeróbica e da aeróbica, o que permite inferir que seu surgimento foi vital para o desenvolvimento da vida.

Outro detalhe que é interessante ser mencionado é o fato de a glicólise ocorrer em desde organismos simples e primitivos, como bactérias, até em formas de vida mais complexas que surgiram muito mais tarde em uma escala evolutiva, como os seres humanos. Isto é, o fato dela ter surgido e persistido até os dias atuais por diversos organismos mostra que, muito embora a glicólise seja considerada ineficiente, ela se trata de uma estratégia extremamente “bem-sucedida” e importante para a manutenção da vida.

Reações

Com relação à parte bioquímica, a glicólise é um conjunto de reações mediadas por diferentes enzimas, nas quais ocorrem gasto e geração de ATP. Mais especificamente, são dez diferentes reações que começam quando a glicose recebe dois fosfatos e sofre um rearranjo de sua estrutura. Essas reações geram gasto de dois ATPs e resultam na formação da frutose-1,6-fosfato. Essa molécula, então, é quebrada “ao meio” gerando diidroxiacetona-fosfato (DHAP) e gliceraldeído-3-fosfato (GP), que podem, facilmente, converter-se um no outro. Assim, como o açúcar foi dividido em dois, seus produtos serão duplicados.

O GP sofre duas reações onde ele perde um hidrogênio e gera um ATP, originando o ácido 3-fosfoglicérico. Após isso, ocorrem três outras reações que acarretam a reestruturação da molécula, perda de água e geração de outro ATP, dando origem, então, ao piruvato. Vale ressaltar que, como foi dito anteriormente, os produtos são duplicados. Dessa forma, ocorre a geração de quatro moléculas de ATPs.

Enfim, a glicólise se trata de um conjunto de reações que transformam a glicose em piruvato com a finalidade de gerar energia na forma de ATP. Sua eficiência é baixa por resultar em um saldo liquido de apenas dois ATPs, mas é responsável pela produção de substratos de outras reações muito mais energéticas. Além disso, é uma via de obtenção de energia utilizada pela maior parte dos seres vivos, se tratando de uma das primeiras estratégias bem sucedidas da história evolutiva que visavam suprir as necessidades energéticas dos organismos.

Bibliografia:
Junqueira, L. C. & Carneiro, J. Biologia Celular e Molecular. 9ª Edição. Editora Guanabara Koogan. 338 páginas. 2012.
Tortora, G.J; Funke, B.R. & Case, C.L. Microbiologia. 10ª Edição. Editora Artmed. 964 páginas. 2012.
Guyton, A.C. & Hall, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª Edição. Editora Elsevier. 1115 páginas. 2006

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