A leucina corresponde a um aminoácido essencial, com acentuada importância para a saúde e manutenção dos músculos. Este composto de cadeia ramificada é um componente essencial na dieta humana, devido à impossibilidade de sua síntese.
Atualmente, a leucina é considerada como uma molécula físico-farmacológica, dotada de propriedades capazes de promover ações anti-catabólicas, síntese proteica muscular e, também como auxiliar na cura de patologias.
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Estrutura química
Os aminoácidos possuem em sua estrutura molecular um grupo amino (-NH2) e um grupo carboxila (-COOH), sendo que esses grupos sofrem ionização em pH fisiológico, assumindo as formas ionizadas: -NH3, COO- e NH2. Assim, todo aminoácido possui uma fórmula comum básica (figura 1), definida pelos grupos amino e carboxila ligados ao carbono alfa (α), onde também se liga um átomo de hidrogênio (H) e a cadeia lateral, também chamada de grupo R, que varia de acordo com cada aminoácido. As propriedades do grupo R são importantes, pois irão determinar a forma das proteínas e, consequentemente, a sua função.
Assim, a leucina possui o grupo R com característica apolar e alifático. Isto significa que a leucina não interage com a água, sendo hidrofóbica e, a cadeia lateral é aberta e ramificada (figura 2).
Função
Também conhecida como l-leucina, este aminoácido desempenha importante função na manutenção muscular. Em determinadas situações, como em treinos intensivos de musculação ou em doenças, como na desnutrição, deve ter seu consumo aumentado.
Do peso total de um indivíduo, cerca de 40% corresponde à massa muscular. Os músculos são formados por proteínas musculares e, estas por sua vez, por aminoácidos. Assim, os aminoácidos de cadeia ramificada correspondem a 35% dos aminoácidos considerados fundamentais para as proteínas musculares, somando um terço de toda a massa muscular. Isto mostra a grande quantidade desses aminoácidos, incluindo a leucina, nos músculos de um indivíduo. Como nos animais os aminoácidos possuem uma concentração máxima, que é mantida constante por aminoácidos livres circulantes, é no músculo esquelético que se encontra a maior concentração de aminoácidos livres do organismo.
Dentre os efeitos terapêuticos da leucina e dos aminoácidos de cadeia ramificada, estão:
- Diminuição da perda de massa magra, durante a redução de peso;
- Contribuição para o processo de cicatrização;
- Auxilia no equilíbrio das proteínas musculares em idosos;
- Apresenta benefícios no tratamento de doenças hepáticas e renais.
A leucina e o exercício físico
A leucina desempenha importante função na regulação de processos anabólicos, presente tanto na síntese, quanto na degradação das proteínas musculares.
Durante o exercício físico, se observa uma série de alterações no metabolismo dos aminoácidos e, consequentemente, das proteínas do músculo esquelético. Essas súbitas alterações são catabólicas, ocasionando na redução proteica e maior taxa de oxidação desses aminoácidos. Contudo, embora as alterações agudas do exercício apresentam característica catabólica, os exercícios não resultam em perda de massa muscular. A prática física regular então se mostra importante para o crescimento muscular, devendo-se respeitar o período anabólico de recuperação.
O aumento do gasto de energia durante o exercício promove a oxidação de aminoácidos de cadeia ramificada, já que esses aminoácidos auxiliam no metabolismo energético. Também, na síntese dessas proteínas, os aminoácidos de cadeia ramificada se mostram mais eficientes, mesmo quando comparados a junção de todos os aminoácidos essenciais.
Estudos em animais mostraram que a leucina administrada por via oral promove a síntese muscular com a mesma eficácia da reunião de todos os aminoácidos de cadeia ramificada, um indicativo de sua capacidade independente dos demais aminoácidos em sintetizar a musculatura esquelética. No metabolismo humano, a leucina pode atuar:
- Servindo de substrato, ou seja, de molécula de atuação enzimática, para a síntese de proteínas;
- Como fonte de energia;
- Como indicador de metabolismo.
Fontes
Por ser considerada como um aminoácido essencial, não conseguimos sintetizar a leucina, onde devemos consumi-la através da alimentação ou suplementos. Isto ocorre porque as células do organismo humano são desprovidas de enzimas que possuem a capacidade de sintetizar aminoácidos de cadeia ramificada.
Está presente em alimentos de origem vegetal e animal, tais como a carne, feijão, ovo, batata e oleaginosas. Nos suplementos alimentares, como o Whey Protein, BCAA’s e na forma isolada.
Bibliografia:
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MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica básica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Nelson, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed, 2011. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/bioquimica/leucina/