O ácido ascórbico, popularmente conhecido como vitamina C, é um composto com seis carbonos, estruturalmente relacionado com a glicose e outras hexoses, sendo reversivelmente oxidado no organismo em ácido dehidroascórbico. O último composto possui completa atividade vitamínica C.
As fórmulas estruturais do ácido ascórbico e do ácido dehidroascórbico são mostradas abaixo:
I2 + C6H8O6 → C6H6O6 + 2HI
ácido ascórbico ácido dehidroascórbico
O ácido ascórbico possui um átomo de carbono opticamente ativo e a atividade antiescorbútica, a qual reside quase totalmente no L-isômero. Outros isômeros deste ácido, ácidos eritórbico (D – ácido ascórbico, D – ácido araboascórbico) tem verdadeiramente fraca atividade antiescorbútica, possuindo, no entanto, similar potencial redox. Ambos os produtos, entretanto, são usados para prevenir a formação de nitrosaminas em produtos cárneos curados.
O ácido ascórbico possui a propriedade de transferir reversivelmente íons e elétrons de hidrogênio, achando-se envolvido em processo de hidroxilação. Exerce importante papel na biossíntese e de corticóides e catecolaminas. É um típico composto redox. Participa na síntese e manutenção dos tecidos, destacando-se a produção de colágeno. Apresenta ainda ação na formação dos ossos, dentes e sangue.
Está hoje em discussão se doses elevadas de vitamina C podem ter efeitos no tratamento de algumas enfermidades. “Em 1954, Linus Pauling ganhou o Prêmio Nobel de Química em reconhecimento por seu trabalho sobre a ligação química, e em 1962 foi novamente contemplado com o Prêmio Nobel da Paz por suas atividades contra o teste de armas nucleares. Em 1970, esse detentor de dois prêmios Nobel lançou a primeira de uma série de publicações sobre o papel da vitamina C na medicina, recomendando doses altas de ácido ascórbico para prevenção e o tratamento de resfriados, gripes e câncer.”1
Hoje, a dosagem deste ácido recomendada gira em torno de 60 mg, aproximadamente o que corresponde à dois frutos cítricos comuns. Concorda-se que doses ligeiramente maiores são recomendadas durante a gravidez e a alimentação, e também para idosos. Supõe-se que Linus Pauling ingeria diariamente o equivalente a dez vezes a dosagem recomendada em seus últimos anos de vida. Há quem assim avalie, por exemplo, sua defesa da vitamina C como remédio para quase todos os males, câncer incluído. Como o definiu o professor de Química e História da Ciência Aaron Ihde, da Universidade de Wisconsin, “o êxito de Pauling baseou-se na sua capacidade de perceber depressa novos problemas, reconhecer relações entre os fenômenos e apresentar idéias não convencionais. Seus conceitos, mesmo equivocados, estimularam o debate e a pesquisa”2.
Referências:
1. COUTER, Penny Le; BURRESON, Jay; Os Botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a história, Zahar, 2008.
2. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/linus-pauling/linus-pauling.
Araújo, M., Química de Alimentos: teoria e prática, Ed. Universidade Federal de Viçosa.