Por Débora Carvalho Meldau
A coloração normal da pele, dos pêlos e do olho se deve fundamentalmente à melanina, que é um pigmento acastanhado que aparece em negro quando mais concentrado.
Contribuem, no entanto, para a coloração da pele, pigmentos exógenos amarelos, que são os carotenóides e também o tom vermelho dado pela hemoglobina oxigenada nos capilares e a coloração azulada da hemoglobina reduzida nas vênulas da derme. Quando acumulado mais profundamente na derme, o pigmento melânico pode aparecer com uma tonalidade azulada vista através da pele, como acontece com o nevus azul (pequena neoplasia benigna na pele).
A coloração da pele humana é relacionada ao número, tamanho, tipo e distribuição de partículas citoplasmáticas pigmentadas, denominadas melanossomas, que contêm um biocromo marrom, a melanina. Estas organelas especializadas são o produto de glândulas unicelulares exócrinas, os melanócitos, que são encontrados na membrana basal e projetam seus dendritos dentro da epiderme. Os melanócitos transferem os seus produtos (os melanossomas) para dentro dos ceratinócitos de tal maneira que eles se distribuem através de toda a epiderme pelo progressivo movimento para a superfície destes mesmos ceratinócitos.
Na epiderme humana, cada melanócito é associado com cerca de 36 ceratinócitos viáveis que transportam e, algumas vezes, degradam a melanina derivada de melanócitos. Os melanócitos e os ceratinócitos, juntamente, dão origem à denominada unidade de melanina epidérmica. A pigmentação da pele humana divide-se em dois componentes:
- Cor básica da pele: quantidade de pigmento melânico que aparece de acordo com programas genéticos, sem a interferência dos raios solares; é o nível da pigmentação presente nas partes do corpo protegidas da luz solar.
- Cor induzida da pele: engloba a pigmentação melânica não permanente, que surge após a exposição direta da pele à radiação ultravioleta, e também, devido a alterações endócrinas da doença de Addison e na gravidez.
A coloração da pele resulta de um processo complexo que vai desde moléculas que são relevantes à síntese melânica até a pele como um sistema totalmente integrado. Os principais eventos incluem:
- Migração dos melanoblastos da crista neural e sua diferenciação até a formação de melanócitos epidérmicos.
- Formação de proteínas estruturais e de uma enzima, que contém cobre, a tirosinase e sua posterior localização nos melanossomas em desenvolvimento dentro de melanócitos.
- Melanização dos melanossomas, que ocorre quando sob a ação da enzima tirosinase, a melanina se forma através desta seqüência de passos: Tirosina → DOPA (3. (3.4 – diidroxifenil) – L- alanina) → dopamina → leucodopacromo → dopacromo → 5,6 diidroxiindol → melanina.
- Movimento dos melanossomas do pericárion para os processos dendríticos do melanócito.
- Transferência e incorporação dos melanossomas nos ceratinócitos ocorre por mecanismos ainda pouco elucidados.
- Degradação de melanossomas dentro de ceratinócitos ocorre por meio de lisossomas nos ceratinócitos. Os próprios melanócitos são capazes, de modo semelhante, de degradas melanossomas.
As melaninas de coloração marrom a negra são designadas como eumelaninas e são pigmentos com alto peso molecular, estrutura polimérica, insolúveis em quase todos os solventes, resistentes à tratamentos químicos, sendo que sua estrutura química ainda não foi totalmente esclarecida. Já os pigmentos de coloração amarela ou avermelhada são denominados feomelaninas e difere das anteriores por serem solúveis em álcalis diluídos.
A melanina presente na pele tem a função fundamental de proteção. Protege a pele contra raios solares. Quando há a exposição dos indivíduos ao sol, os raios ultravioleta lesam primeiramente as células epiteliais da epiderme, produzindo degeneração e morte de algumas e a regeneração de outras. Ocorre então um estímulo aos melanócitos que passam a formar rapidamente mais melanina, resultando em escurecimento da pele e, conseqüentemente, maior proteção em exposições posteriores. Neste caso não ocorre hiperplasia dos melanócitos, e sim, estimulação funcional dessas células preexistentes.
Fontes:
http://www.medicinageriatrica.com.br/2008/07/23/melanina-e-melanogenese/
http://www.virtualcancercentre.com/anatomy.asp?sid=9
http://pt.wikipedia.org/wiki/Melanina
Patologia: Processos Gerais – Andrade Netto Brito Montenegro. Editora Atheneu. 3° edição.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/bioquimica/melanina/