O século XIX foi marcado pela pressão inglesa no Brasil pelo fim do tráfico atlântico. A partir daí passou a se intensificar a luta pelo fim da escravidão, especialmente na segunda metade do século. A Lei Áurea pôs fim à escravidão em 13 de maio de 1888, mas, muito antes disso, já havia a luta de homens e mulheres pelo fim deste regime de trabalho e exploração. Além disso, os debates sobre modelos de governo também estavam postos e entravam no debate público, por isso, muitas vezes, o abolicionismo seja associado diretamente ao republicanismo. Mas, na prática, havia tanto monarquistas como republicanos que lutavam pela causa da abolição. No Brasil do final do século XIX havia aqueles que defendiam a abolição gradual e que viesse com indenização para os proprietários de escravos, mas havia também aqueles que lutavam por uma reforma social ou para o que chamavam de uma democracia rural, que deveria combater o latifúndio – estrutura da sociedade brasileira; distribuir as terras promovendo uma reforma agrária; e fomentar a educação dos libertos dando condições de vida e concorrência pelo novo mercado de trabalho. Podemos citar diversos abolicionistas brasileiros, que figuraram na política nacional e que até hoje são nomes conhecidos e nomeiam ruas e avenidas pelas cidades brasileiras: André Rebouças, Luiz Gama, José do Patrocínio, Francisco José do Nascimento, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa são alguns deles.
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André Rebouças
André Rebouças talvez seja a figura mais representativa da luta abolicionista no Brasil. Defensor da democracia rural e da monarquia, Rebouças foi um engenheiro que desenvolveu diversos serviços ao Império Brasileiro. Negro, neto de escrava com português, ele foi um importante ator na luta pela abolição no país. Saiu do Brasil junto da família real, quando ocorreu a proclamação da república e morreu em Portugal, em 1898.
Luiz Gama
Luiz Gama é outro nome de impacto na luta abolicionista brasileira. Em carta enviada a Lúcio de Mendonça ele conta a sua trajetória de vida: era baiano, filho de uma mulher africana e livre, vinda da Costa da Mina, que atuava como quitandeira e que lutou em revoltas populares (muito provavelmente no Levante do Malês – 1835) com um senhor de escravos, fora vendido pelo pai aos 10 anos, tendo sido escravizado até seus 17 anos. Tornou-se jornalista e advogado, prosperando e lutando pela causa abolicionista. Como profissional da área jurídica auxiliava nos processos de alforria de forma gratuita.
José do Patrocínio
José do Patrocínio era filho de clérigo com escrava, tendo nascido escravo e crescido em liberdade. Por isso pôde concluir sua formação em farmácia e atuando posteriormente como jornalista. Além da causa abolicionista, José do Patrocínio era defensor da monarquia e foi o responsável pela criação da Guarda Negra da Redentora.
Francisco José do Nascimento
Francisco José do Nascimento foi também conhecido como Dragão do Mar, alcunha que recebeu por se negar a transportar escravos. Ele era um homem humilde, filho de pescador que ao crescer se tornou um líder jangadeiro que organizou e liderou o movimento abolicionista no Ceará onde, inclusive, a escravidão fora extinta quatro anos antes do 13 de maio de 1888.
Joaquim Nabuco
Joaquim Nabuco foi também importante para a causa abolicionista no Brasil. Formado pela Faculdade de Direito do Recife, ele atou em diversas áreas, como um intelectual de seu tempo: jurista, historiador, político foram algumas das funções por ele exercidas. Era defensor da monarquia e lutava pela abolição e entendia que a escravidão deixou marcas na sociedade brasileira que permaneceriam por muito tempo; tratava a escravidão como uma etapa a ser superada na história nacional e escreveu o livro O Abolicionismo.
Rui Barbosa
Rui Barbosa foi um intelectual do seu tempo: atuou como jurista, jornalista, político, advogado, diplomata. Esteve envolvido com o projeto republicano e foi um dos responsáveis pela primeira constituição do novo regime em 1891. Defensor do abolicionismo, ele fora responsável pela queima de documentos. Ministro da Fazenda durante o governo de Deodoro da Fonseca, Barbosa teria mandado queimar os documentos que comprovavam a posse de escravos a fim de evitar pedidos de indenização por parte dos proprietários, gerando despesas para o tesouro nacional.
Referências:
BARBOSA, Francisco de Assis. Apresentação ao Livro: Ruy Barbosa e a Queima dos arquivos. In: Fundação Casa de Rui Barbosa. Disponível em: http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/artigos/a-j/FCRB_FranciscodeAssisBarbosa_Apresentacao_livro_RuiBarbosa_queima_arquivos.pdf Acesso em 01 de dezembro de 2020.
FAUSTO, Bóris. História do Brasil. SP: EdUSP, 1995.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
GAMA, Luiz. Meu pai me vendeu. De Luiz Gama para Lúcio Mendonça. In: RODRIGUES, Sérgio. Cartas brasileiras: correspondências históricas, políticas, célebres, hilárias e inesquecíveis que marcaram o país. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.