A projeção de Peters também é conhecida pelo nome de projeção de Gall-Peters, considerando que embora o geógrafo Arno Peters tenha sido essencial na formatação e difusão dessa projeção, a ideia original da mesma foi de James Gall que foi sumariamente ignorado em sua época.
A projeção de Peters é considerada por muitos como a principal concorrente da tradicional projeção de Mercator, embora ambas sejam projeções cilíndricas, o que significa que elas foram feitas como se o globo terrestre estivesse envolvido por um imenso cilindro, cilindro este que toca o globo nas áreas de baixa latitude, ou seja aquelas que estão próximas da linha do Equador. Sendo a Terra aberta, de dentro para fora, com as áreas que anteriormente não tinham contato com o cilindro passando a ter contato com ele e transformando toda a Terra em um grande cilindro, que em seguida recebe um corte no sentido Norte-Sul, permitindo que o que estava no cilindro seja aberto para ser colocado em uma forma plana.
Naturalmente, ao passar do geoide, que é a forma natural da Terra (uma forma quase esférica, com achatamento nos polos), para uma forma plana, ocorrerão algumas distorções. Na projeção de Mercator o que está mais próximo dos polos fica ampliado, considerando que ela é uma projeção conforme (que preserva a forma dos continentes). A projeção de Peters por sua vez é uma projeção equivalente, ou seja, uma projeção que busca preservar o tamanho dos continentes, mesmo que distorça as formas dos continentes (por exemplo, a África e América do Sul estão alongadas em contrapartida a Europa está achatada).
A projeção de Peters se propõe a ser uma projeção mais solidária entre os países do mundo, tirando o destaque que era dado aos antigos países colonizadores e dando destaque aos países que foram colônias no passado. Sendo saudado com o a quebra de um paradigma eurocêntrico nos currículos escolares e consequentemente no imaginário popular.Apesar dos esforços da projeção de Peters, não é apenas a distorção no aumento de determinadas áreas que sofre a crítica de uma visão colonialista do mundo. O fato do Norte ser colocado na porção superior dos mapas é um outro elemento que recebe críticas das mais diversas, considerando que não há “em cima” e “em baixo” no Universo, bem como o fato de alguns mapas antigos colocarem o Leste como topo com base em referências religiosas e místicas sobre a luz que vem do Oriente (Leste), sendo o Leste o ponto principal na construção de Igrejas antigas (o altar normalmente fica para o Leste) e de templos maçônicos. Portanto, aos que consideram tais críticas importantes, se faz necessário que além da projeção de Peters se quebre as convenções sobre local para o Norte e para o Sul, bem como o local para o corte da Terra (que coloca a Europa em posição central).
Há de se notar que essa crítica sobre a projeção de Mercator e as convenções tidas como eurocêntricas não abrangem a totalidade dos especialistas, sendo ainda hoje a projeção de Mercator a mais usada, mesmo que a projeção de Peters tenha ganhado mais adeptos na atualidade.
Referências:
http://www.mercator.ufc.br/mercator/article/view/159/127
http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/de-mercator-ao-google-maps/
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-39349115
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/11/o-criativo-mapa-que-mostra-o-mundo-como-realmente-e.html
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/cartografia/projecao-de-peters/