Projeção de Peters

Por Morôni Azevedo de Vasconcellos

Especialista em Geografia do Brasil (Faculdades Integradas de Jacarepaguá, RJ)
Mestre em Educação (Estácio de Sá, 2016)
Graduado em Geografia (Simonsen, 2010)

Categorias: Cartografia
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A projeção de Peters também é conhecida pelo nome de projeção de Gall-Peters, considerando que embora o geógrafo Arno Peters tenha sido essencial na formatação e difusão dessa projeção, a ideia original da mesma foi de James Gall que foi sumariamente ignorado em sua época.

A projeção de Peters é considerada por muitos como a principal concorrente da tradicional projeção de Mercator, embora ambas sejam projeções cilíndricas, o que significa que elas foram feitas como se o globo terrestre estivesse envolvido por um imenso cilindro, cilindro este que toca o globo nas áreas de baixa latitude, ou seja aquelas que estão próximas da linha do Equador. Sendo a Terra aberta, de dentro para fora, com as áreas que anteriormente não tinham contato com o cilindro passando a ter contato com ele e transformando toda a Terra em um grande cilindro, que em seguida recebe um corte no sentido Norte-Sul, permitindo que o que estava no cilindro seja aberto para ser colocado em uma forma plana.

Naturalmente, ao passar do geoide, que é a forma natural da Terra (uma forma quase esférica, com achatamento nos polos), para uma forma plana, ocorrerão algumas distorções. Na projeção de Mercator o que está mais próximo dos polos fica ampliado, considerando que ela é uma projeção conforme (que preserva a forma dos continentes). A projeção de Peters por sua vez é uma projeção equivalente, ou seja, uma projeção que busca preservar o tamanho dos continentes, mesmo que distorça as formas dos continentes (por exemplo, a África e América do Sul estão alongadas em contrapartida a Europa está achatada).

Projeção de Peters. Ilustração: Mike Linksvayer [Public domain], via Wikimedia Commons

A projeção de Peters se propõe a ser uma projeção mais solidária entre os países do mundo, tirando o destaque que era dado aos antigos países colonizadores e dando destaque aos países que foram colônias no passado. Sendo saudado com o a quebra de um paradigma eurocêntrico nos currículos escolares e consequentemente no imaginário popular.

Apesar dos esforços da projeção de Peters, não é apenas a distorção no aumento de determinadas áreas que sofre a crítica de uma visão colonialista do mundo. O fato do Norte ser colocado na porção superior dos mapas é um outro elemento que recebe críticas das mais diversas, considerando que não há “em cima” e “em baixo” no Universo, bem como o fato de alguns mapas antigos colocarem o Leste como topo com base em referências religiosas e místicas sobre a luz que vem do Oriente (Leste), sendo o Leste o ponto principal na construção de Igrejas antigas (o altar normalmente fica para o Leste) e de templos maçônicos. Portanto, aos que consideram tais críticas importantes, se faz necessário que além da projeção de Peters se quebre as convenções sobre local para o Norte e para o Sul, bem como o local para o corte da Terra (que coloca a Europa em posição central).

Há de se notar que essa crítica sobre a projeção de Mercator e as convenções tidas como eurocêntricas não abrangem a totalidade dos especialistas, sendo ainda hoje a projeção de Mercator a mais usada, mesmo que a projeção de Peters tenha ganhado mais adeptos na atualidade.

Referências:

http://www.mercator.ufc.br/mercator/article/view/159/127

http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/de-mercator-ao-google-maps/

http://www.bbc.com/portuguese/internacional-39349115

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/11/o-criativo-mapa-que-mostra-o-mundo-como-realmente-e.html

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