A carcinologia é o ramo das ciências que se dedica ao estudos dos crustáceos e o profissional que se dedica à carcinologia é o carcinólogo. A palavra carcinologia vem da junção de dois radicais o grego karki’nos que significa caranguejo, em referência à um dos crustáceos mais conhecidos, e logus= que significa estudo. Já a palavra crustáceo advém do termo latino crusta que significa carapaça, em uma referência à quão rígido é o exoesqueleto das espécies que fazem parte desse grupo.
Os crustáceos pertencem ao Filo Arthropoda e ao Subfilo Crustacea, e, como dito anteriormente, possuem um exoesqueleto bem rígido e vários apêndices locomotores, que podem variar de número entre as espécies. O tamanho das espécies pode variar de algumas microscópicas espécies de zooplâncton até os enormes Macrocheria kaempferi, com quase quatro metros de envergadura.
Atualmente existem mais de 68.000 espécies de crustáceos descritas e a maioria delas são de vida aquática, sejam em ambientes dulcícolas (de água doce) ou de águas salgadas. O que torna um pouco mais difícil de serem estudados, uma vez que a obtenção de dados é um pouco mais complicada do que em ambiente terrestre. Dessas 68.000 espécies, cerca de 2.500 ocorrem em território brasileiro, tornando o Brasil um ambiente extremamente rico em crustáceos e favorável para a carcinologia.
Os estudos de carcinologia no Brasil são antigos, e os primeiros documentos datam de 1648 feitos por George Marcgraf com descrições sobre camarões da família Palemonidae. Esses estudos foram utilizados por Carolus Linnaeus na sua famosa obra Sistema naturae, em sua 10ª edição.
Existem vários métodos de estudo de crustáceos dentre os quais os mais usados são: armadilha do tipo covo, peneiras, puçás, redes, choque elétrico, armadilhas tipo gaiola e coleta manual. A maioria das armadilhas são posicionadas no fundo dos ambientes aquáticos, visto que a maioria dos crustáceos são bentônicos, ou seja, caminham no fundo dos rios e mares. As armadilhas são dotadas de uma bóia para que sejam facilmente encontradas após a instalação.
Armadilhas tipo covo: armadilhas do tipo covo são armações cilíndricas, semicilíndricas ou retangulares que possuem a boca afunilada, sendo assim o crustáceo entra e não consegue sair. A armação da armadilha pode ser feita de vários materiais como madeira, taquara, arame ou ainda com tela de rede. Do lado há uma janelinha por onde os crustáceos são retirados.
Peneira: a peneira é utilizada para coletar crustáceos em águas rasas, onde pesquisadores passam a peneira em locais com maior probabilidade de se encontrar crustáceos, como tufos de vegetação ou pedras e os coletam.
Gaiola: um outro tipo de armadilha, geralmente feita de arame mas com um formato retangular.
Coleta manual: um outro método consiste em simplesmente coletar os crustáceos quando avistados, com a mão. Esse método é bastante utilizado principalmente em áreas de manguezais. Realizada principalmente por comunidades locais, que também se alimentam de crustáceos, a coleta manual é utilizada principalmente em áreas de manguezais.
Redes: as redes podem ser utilizadas para coleta, como redes de arrasto ou os puçás. As redes de arrasto são puxadas por barcos e fazem uma varredura no fundo dos ambientes aquáticos, já os puçás são redes presas na ponta de um cabo.
A carcinologia também contribui para atividades econômicas humanas, ao prover dados para a carcinicultura, que é a criação de crustáceos em cativeiro com propósitos comerciais. Apesar de parecer interessante a ideia de criá-los, evitando assim a captura em ambientes naturais, a carcinicultura é alvo de muitas críticas por afetar consideravelmente o ambiente em que são instalados os cercados para criação de crustáceos. Esse cercados são piscinas artificiais construídas em zonas de manguezal o que causa o desmatamento da vegetação nativa além de afetar a fauna local, uma vez que manguezais são áreas reprodutivas de muitas espécies além de a carcinicultura também trabalhar com espécies exóticas que, caso escapem, podem desbalancear o equilíbrio competitivo local. Para solucionar isso são criados Zoneamentos Ecológicos Econômicos para auxiliar tanto agentes públicos quanto privados à manejar as zonas costeiras proporcionando uma utilização responsável.
O estudo dos crustáceos é muito importante para entender os processos ecológicos que existem em ambientes aquáticos. Além disso, a base da cadeia alimentar marinha é formada principalmente por crustáceos, o zooplancton. Caso o zooplancton deixe de existir, boa parte da fauna marinha também deixará, como as magníficas baleias.
Referências:
BOEGER, W. A. Estado da Arte e Perspectivas para a Zoologia no Brasil.
Carvalho, M. E. S., & Fontes, A. L. (2007). A carcinicultura no espaço litorâneo Sergipano. Revista da Fapese, 3(1), 87-112.
Rocha, S. S. D. (2010). Diferença entre dois métodos de coleta utilizados na captura de crustáceos decápodes em um rio da Estação Ecológica Juréia-Itatins, São Paulo. Iheringia, Série Zoologia, 100(2), 116-122.