Ciência: Universo de Probabilidades, Não de Certezas

Por André Luis Silva da Silva

Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)

Categorias: Ciências
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Do mesmo modo que um professor compreende a ciência ele a irá transmiti-la, e o conhecimento científico é ainda hoje visto por muitos como um conhecimento infalível, deixando passar a ideia de que tudo o que é “cientificamente comprovado” merece atenção e pode trazer benefícios à população. Mesmo que possa parecer não crível, é preciso acentuar que não devemos pensar a ciência como pronta e acabada, como uma nova e dogmática religião, como o “deus saber” imperando no novo milênio, mas a marca da verdadeira ciência, da ciência dos nossos dias, é a incerteza. Antigamente a ciência nos falava de leis eternas, hoje nos fala de história do Universo ou da matéria e nos propõe sempre novos desafios que precisam ser investigados. Este é o universo das probabilidades, e não das certezas.

A Ciência atual não permanece estática como na Renascença, mas num constante processo de ir e vir, de construir e reconstruir. Nessa busca incessante, a Ciência tem como objetivo primordial tentar tornar inteligível o mundo e atingir um conhecimento sistemático do universo (Koche, 1982). Mas forma pela qual nós, professores, trabalhamos conceitos de ciências naturais em sala de aula em praticamente nada foi alterado nas últimas décadas. A humanidade enfrentou muitas crises existenciais e concebeu também inúmeras revoluções sociais, o que não desviou os rumos que seguimos ao abordarmos conceitos científicos. Com isso, percebe-se hoje estarem as concepções em ciências em meio a uma crise estrutural, que teve seu início já nos trabalhos de Einstein e Planck com a Física Quântica (Capra, 2006).

Quando um estudante de século XXI memoriza determinado conceito e fielmente o reproduz em avaliações recebe aprovação imediata, e até sob méritos. Entretanto, o atual sistema metodológico não permite avaliar se este conceito reproduzido foi realmente compreendido em sua essência epistemológica, não sendo possível sequer avaliar se algum método atual utilizado pelo professor seria capaz de o fazê-lo.  O atual sistema de formação de professores não é adequado à formação de profissionais que serão capazes de formar sujeitos críticos, pesquisadores, capazes de investigar sua realidade e utilizar das informações que recebe para modificá-la, requisitos que se espera na atual conjectura social.

A prática pedagógica em sala de aula, quando tratamos do conhecimento científico, não surge nos educandos o efeito necessário, uma vez que o seu próprio desinteresse aponta para esse caminho. Aquela sadia curiosidade da infância em relação aos mistérios humanos, históricos e sociais, muitas vezes alimentado pelas relações familiares e de amizade, logo se dilui em um emaranhado de fórmulas matemáticas e conceitos astronomicamente distantes de sua realidade quando percorre seus primeiros passos em uma escola regular. Esta criança descobre então que não poderá compreender a realidade, pois esta é demasiadamente complexa para seu intelecto, e sua curiosidade logo cede lugar à apatia frente ao que não entende. E esta chama natural, infelizmente, quando apagada, não mais poderá ser restabelecida.

Referências:
KOCHE, J. C. Fundamentos de Metodologia Científica. Porto Alegre: Universidade Caxias do Sul, Vozes, 1982.
CAPRA, F.; The Web of Life. Cultrix & Amana-Key, São Paulo, 1996.

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