O sonho de viver para sempre naturalmente fez parte das aspirações humanas desde o princípio de nossa história. No que tange ao universo científico, alimentava as aspirações da ciência precursora da Química, a Alquimia, quando alquimistas medievais dedicavam suas vidas à busca de um elixir, denominado por eles de “Elixir da Longa Vida”, que os tornaria imortais.
A criogenia trata-se de uma derivação da físico-química que estuda as tecnologias em ambientes de temperaturas muito baixas, abaixo de -150 graus Celsius. Estuda também o comportamento dos materiais quando submetidos a esses faixas de temperatura, sendo que a atual tecnologia empregada explora os efeitos das transferências de calor entre dois corpos de temperaturas diferentes.
A criobiologia, muitas vezes associada à criogenia, explora os efeitos de temperaturas extremamente baixas a um organismo celular. Entretanto, à criogenia pode ser aplicada outra definição: “é a técnica de manter cadáveres congelados anos a fio para ressuscitá-los um dia. Hoje, isso já dá certo com embriões: óvulos fecundados podem ficar na "geladeira" com chances boas de sobreviver a um descongelamento - estima-se que perto de 60% deles conseguem vingar, dando origem a um bebê. Por isso, um bocado de gente acredita que isso ainda vai funcionar com seres humanos inteiros. Até agora, cerca de 100 pessoas já foram congeladas depois da morte e esperam por vida nova no futuro”1.
De acordo com a físico-química, quando liquefeitos, gases como o nitrogênio e o hélio podem ser empregados para aplicações criogênicas. O nitrogênio líquido é o mais empregado para esse fim, e é legalmente comprado em todo o mundo. Já o hélio líquido apresenta maiores dificuldades de obtenção, embora baixe a temperatura ainda mais que o nitrogênio líquido.
De acordo com a literatura específica, “os defensores da prática argumentam que os corpos poderão ser ressuscitados no futuro, quando a tecnologia estiver avançada o suficiente para realizar o procedimento”2. De acordo com nossa atual tecnologia, esta esperança ainda está distante de tornar-se concreta, mas, para quem tiver os milhões necessários...
“A idéia é fantástica: você morre e os médicos o colocam num tanque de nitrogênio líquido, guardado a -196 ºC, temperatura em que o cadáver não apodrece. Aí, daqui a uns 500 anos, os cientistas descobrem um jeito de combater a doença que causou sua morte e o degelam. Uma beleza, né? Mas o processo não é tão simples. ‘Os próprios métodos usados para congelar uma pessoa causam danos às células que só poderiam ser reparados por tecnologias que ainda não existem’, afirma o físico americano Robert Ettinger, considerado o grande divulgador da criogenia. Por enquanto, o congelamento não funciona com pessoas porque o líquido que compõe as células vira gelo, aumentando de tamanho e fazendo-as trincar. Com os embriões congelados, esse efeito é evitado com a aplicação de substâncias químicas que driblam a formação de cristais de gelo, impedindo que as paredes celulares se danifiquem. ‘Mas com os seres humanos desenvolvidos o problema é que cada tipo de célula exige uma substância protetora diferente, e muitas delas ainda não foram inventadas’, diz o ginecologista Ricardo Baruffi, da Maternidade Sinhá Junqueira, em Ribeirão Preto (SP), um especialista em congelamento de embriões. Quer tentar a sorte mesmo assim? Então é melhor se mudar para os Estados Unidos, porque as duas únicas empresas no mundo com estrutura para receber novos "pacientes" ficam lá. E, se você quiser levar um bichinho de estimação para não se sentir muito sozinho daqui a 500 anos, sem problemas. Dez gatos, sete cachorros e até um papagaio já entraram nessa fria com seus donos”1.
Referências:
1. http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-e-criogenia-humana
2. http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/08/110818_galeria_criogenia
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/ciencias/criogenia/