O termo epistemologia se refere ao estudo sobre a produção do conhecimento. Quando se menciona, no entanto, a epistemologia das ciências, se está abordando os pensadores que se preocuparam em investigar como se constrói um conhecimento de natureza científica. Dentre eles, Stephen Toulmin merece destaque.
Paul Feyerabend nasceu em Viena, em 1924, viveu nos Estados Unidos e na Europa. Em 1943 serviu o exército alemão, onde acabou ferido, o que o obrigou a utilizar muletas desde então. Após a guerra do Vietnã graduou-se em Física. Foi orientado de Popper (Ver Epistemologia de Popper) na Escola de Economia de Londres. Sua principal obra chama-se “Contra o Método”, e seus principais conceitos são o anarquismo epistemológico, o pluralismo metodológico, contra-regra, contra-indução e o tudo-vale.
Buscar-se-á propor um breve resumo sobre os principais conceitos em Feyerabend, não em sentido de resumo de toda sua obra ou resenha, mas em caráter pessoal de quem escreve, através dos itens abaixo:
- Feyerabend foi orientando de Popper, mas em grande parte de sua obra o critica, considerando-o um racionalista.
- Suas principais obras nas quais está presente tais críticas são “Matando o Tempo” e “Contra o Método”.
- De acordo com o seu pensamento, não existe um método científico universal a - histórico. Ele critica abertamente o método científico.
- De acordo com a sua epistemologia, a ciência é uma empresa anárquica.
- Rejeita a existência de regras universais, defende a violação dessas regras metodológicas.
- Na verdade, afirma que o avanço da ciência se dá ao se violar as regras metodológicas impostas.
- Se opõe a um princípio científico único, absoluto, a uma ordem inevitável, ou seja, à unicidade.
- O anarquismo epistemológico, assim ficou estabelecido esse seu conceito, deve ser entendido como uma defesa a um pluralismo epistemológico, ou seja, contra um método único de se fazer ciência.
- Defende um “tudo-vale”, ou seja, um radical pluralismo metodológico.
- De acordo com Feyerabend, a única regra é a violação de todas as regras.
- Fora declarado o inimigo número um da ciência, mas muitas universidades da época o queriam em seu corpo docente.
- Sua epistemologia afirma que nenhuma teoria interessante pode ser consistente com todos os fatos.
- Mostrou que o progresso da ciência é desigual.
- Não pode existir um conjunto de regras que conduzirão ao progresso científico.
- Seu conceito de tudo-vale não deve ser visto como um princípio destrutivo da ciência, mas como um meta-princípio, ou princípio de ordem superior sob o qual haveria um inferior, que seria o “nem tudo vale”.
- Feyerabend defende abertamente a contra-regra, ou seja, se a regra é a indução, deve-se usar a contra-indução, a qual incide na aceitação de hipóteses alternativas.
- Deve-se introduzir hipóteses, mesmo quando essas não se ajustam aos fatos considerados consolidados.
- Se opõe fervorosamente às regras: (só aceitar hipóteses que se ajustem a teorias confirmadas; descartar hipóteses que não se ajustem aos fatos bem estabelecidos).
- De acordo com a visão de Feyerabend, todas as teorias são falíveis por natureza.
- Propõe as seguintes contra-regras: (a) introduzir hipóteses que conflitem com as observações; (b) introduzir hipóteses que não se ajustem às teorias estabelecidas.
- Estabelece uma incoerência de Popper: se uma experimentação não é suficiente para confirmar uma teoria, como pode ser para refutar uma teoria?
- Sempre há discordâncias entre teorias, de natureza numérica ou então qualitativa.
- Teorias devem sempre ser vistas como aproximações, e jamais como definições. Não se pode atingir a verdade, mas apenas se aproximar dela.
- Incomensurabilidade: para Kuhn significa incompatibilidade entre teorias, para Feyerabend representa apenas uma linguagem diferente.
- Progresso: trata-se de uma competição entre teorias, ou seja, um pluralismo teórico.
- A ciência, de acordo com a abordagem fundamental de Feyerabend, é um modo de dar sentido a uma unidade desconhecida que é o mundo.
- Chegou a propor um controle democrático da ciência, onde todos os cidadãos deveriam opinar sobre ela, de modo a ditarem os seus rumos de investigação.
Referências:
MOREIRA, Marco Antônio; MASSONI, Neusa Teresinha; Epistemologias do Século XX, EPU, São Paulo, 2011.