Geografia política é o termo utilizado para identificar o conjunto de estudos geográficos que assumam uma conotação política. Tal conceito já se faz presente nas obras de pensadores de tempos mais remotos como Aristóteles, povoando ainda o discurso de Maquiavel e Montesquieu, alcançando finalmente uma maior atenção e destaque na obra do alemão Friedrich Ratzel, que definiu e lançou as bases científicas dessa ciência por meio de sua obra Politische Geographie (Geografia Política), publicada em 1897. É através de sua obra que temos uma definição relativamente clara do significado do termo "política", delimitando seus aspectos geográficos ou espaciais, utilizando-se de concepções resgatadas da obra de Maquiavel. Enfim, temos uma análise da dimensão espacial (geográfica) da política, e esses dois atributos, atuando em conjunto, que ajudariam a explicar, administrar e melhorar a situação de determinado Estado e seu papel no cenário internacional de relação entre as diferentes nações.
As ideias de Ratzel certamente não criaram, como visto, a doutrina da geografia política, nem explorou pela primeira vez tal área do conhecimento que combinava, a grosso modo, política e geografia, mas ajudaram a moldá-la e popularizá-la. Seu pensamento foi influenciado por experiências pessoais, advindas de sua participação na Guerra Franco-Prussiana de 1870 e de uma viagem aos Estados Unidos. Já no campo intelectual, as ideias evolucionistas de Charles Darwin e a doutrina positivista de Augusto Comte, influenciavam seu raciocínio, incrementado ainda pelo cientificismo (doutrina que considera os conhecimentos científicos como definitivos na análise de qualquer questão), que combinados dariam origem ao conceito de "espaço vital". Consequentemente, seu discurso faria uma defesa inevitável do Império Colonial Alemão, da prática do colonialismo.
Ratzel afirmava que a força do Estado estava intimamente ligada ao espaço, na sua forma, extensão, relevo, clima e disponibilidade de recursos naturais. Também levava em conta as relações estabelecidas entre Estado e o meio interior e exterior. O Estado assim, era encarado como um organismo vivo que enfrentava as mesmas leis implacáveis da sobrevivência e da evolução.
A matéria da geografia política, a partir de tal iniciativa, iria conhecer uma expansão considerável no período imediatamente à Primeira Guerra Mundial, tornando-se objeto de análise desde os gabinetes de chefes de estado até às salas de aula. Nesse meio tempo iria surgir o termo análogo "geopolítica", que ainda hoje causa polêmica nos meios acadêmicos, se seria diferente ou não do conceito de geografia política (entende-se contemporaneamente que um termo difere do outro, sendo que a geopolítica é a geografia combinada com política, assim como a primeira, mas a serviço dos interesses estatais e político-estratégicos das relações internacionais do estado). Imediatamente ao fim da Segunda Guerra Mundial, porém, a matéria enfrentaria o ostracismo, pela percepção geral de que a geografia política era um estudo que necessariamente seria estimulador do conflito e contraproducente.
O ressurgimento do interesse pelos estudos de geografia política ocorre em 1976, por intermédio da obra do geógrafo francês Yves Lacoste, que propôe um redirecionamento da geografia política para questões de cunho social, realizando uma geografia de cunho crítico.
Bibliografia:
http://educacao.uol.com.br/geografia/geografia-politica-ou-geopolitica-conheca-a-historia-e-a-aplicacao-desses-conceitos.jhtm - Página UOL Educação - "Geografia ou Geopolítica? - Conheça a história e a aplicação desses conceitos"
http://www.geocritica.com.br/geopolitica.htm - página pessoal de José William Vesentini - artigo "Geocrítica - Geopolítica - Ensino da Geografia".
http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Vesentini/flg0365/GP-aula01.ppt. - autor não mencionado - Geografia Política - Aula 1 - As origens da Geografia Política