Popper e Kuhn: como reconhecer um conhecimento científico?

Por André Luis Silva da Silva

Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)

Categorias: Ciências
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Karl Raimund Popper foi um filósofo da ciência austríaco, naturalizado britânico. É ainda hoje considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a teorizar a respeito do significado da ciência e de sua condição frente ao homem moderno. Foi também um filósofo social e político de relevância considerável, tendo se destacado como um grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo praticado em sua época.

Popper é lembrado mais enfaticamente por sua defesa do falsacionismo (capacidade de estar equivocada) como um critério da demarcação entre a ciência e a não-ciência, ainda que, em um segundo momento, por sua defesa da sociedade igualitária e livre de qualquer preconcito e intolerância.

De acordo com o conceito de falsacionismo científico, pode-se compreender como um critério de demarcação entre o conhecimento científico, aquele que pode ser falso a uma análise mais profunda, e o conhecimento não científico, aquele que não oferece condições de testagem e, dessa forma, não poderá ser considerado como falso.

“Há o problema da demarcação, ou seja, o problema da distinção entre afirmações das ciências empíricas, ou afirmações científicas, e outras afirmações de caráter religioso, metafísico ou simplesmente pseudocientífico. Para Popper, este critério da demarcação é o da testabilidade ou refutabilidade de uma teoria, isto é, o que define o status científico de uma teoria é a sua capacidade de ser refutada ou testada”. (MOREIRA. 2011, p. 15,16)

Como óbvia limitação do falsacionismo pode-se apontar a questão de todos os fatos enunciados observacionais serem falíveis, sendo que algumas vezes apenas o enunciado pontual está equivocado, e não a teoria mais geral. A partir das proposições de Popper começou-se fundamentalmente uma discussão do que a ciência representa, e, mais do que isso, o que a ciência significa.

Thomas Kuhn nasceu em 18 de Julho de 1922, em Cincinnati, em Ohio, Estados Unidos. Formou-se em física em 1943, pela Universidade de Harvard. Recebeu desta mesma instituição o grau de Mestre em 1946 e o grau de Doutor em 1949, ambos na área de Física. Após ter concluído o doutoramento, Kuhn tornou-se professor em Harvard. Lecionou uma disciplina de Ciências para alunos de Ciências Humanas. A estrutura desta disciplina baseava-se em nos casos mais famosos da História da Ciência, pelo que Kuhn foi obrigado a familiarizar-se com este tema. Este fato foi determinante para o desenvolvimento da sua obra.

Kuhn estabelece o conceito de paradígma para a ciência, que pode ser compreendido como uma forma de fazer ciência; de acordo com o autor, uma ciência normal seria aquele regida por um único paradígma.

“Daqui por diante, deverei referir-me às realizações que partilham essas duas características como “paradígmas”, um termo estreitamente relacionado com ‘ciência normal’. O estudo dos paradígmas, muitos dos quais bem mais especializados do que os indicados acima, é o que prepara basicamente o estudante para ser membro da comunidade científica determinada na qual atuará mais tarde”. (KUHN. 1962, p. 30)

Kuhn aborda, assim como Popper, a necessidade de um critério de demarcação para o conhecimento de natureza científica, que seria a existência de um único paradigma capaz de apoiar as tradições da ciência normal. Para ele, entretanto, este paradigma deve sempre estar ligado a embasamentos experimentais.

Referências:                                                      
MOREIRA, Marco Antônio; MASSONI, Neusa Teresinha; Epistemologias do Século XX, EPU, São Paulo, 2011.
KUHN, T. S.; The Structure of Scientific Revolutions, University of Chicago Press, Chicago, 1962.

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