O Cinema Novo é um gênero cinematográfico exclusivamente brasileiro que se estabeleceu no cenário áudio visual nacional na segunda metade do século XX, destacando-se por dar ênfase à igualdade social e ao intelectualismo. Os filmes produzidos com base no Cinema Novo tinham, também o objetivo de se oporem ao cinema até então produzido no Brasil que consistiam, principalmente em musicais, comédias e épicos ao estilo Hollywoodiano.
Ainda na década de 1950 a indústria cultural e cinematográfica brasileira sofria com a falta de recursos e entraves que dificultavam a criação de produções cinematográficas de qualidade. Foi nesse período que artistas e intelectuais, possuídos por um sentimento de mudança, passaram a discutir sobre a tomada de novos rumos para o cinema nacional.
Assim, organizou-se em 1952 o I Congresso Paulista de Cinema Brasileiro que teve como objetivo discutir acerca das demandas cinematográficas no país, bem como, apresentar alternativas viáveis dentro desse cenário. Os participantes de Congresso Mostraram-se, especialmente, interessados em desvincular a produção áudio visual, produzida no Brasil, de padrões geralmente importados dos Estados Unidos. O lema, a partir dali, era “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”.
Visando fazer uma crítica a artificialidade e a alienação do cinema estrangeiro, o Cinema Novo tinham um tom realista, usando temas que tratavam da problemática do subdesenvolvimento. As narrativas se desenvolviam em cenários simples, naturais como o campo, as favelas ou as praças urbanas, retratando trabalhadores rurais, soldados, moradores de favelas etc, além da presença de diálogos longos e imagens com pouco movimento. Grande parte desses filmes eram produzidos em preto e branco. O que mais importava nesse período era refletir, colocando nas telas o contexto de um Brasil mais próximo do cotidiano social. Embora a falta de recursos técnicos, os produtores, diretores e escritores usufruíam de grande liberdade criativa na produção de suas películas.
São consideradas três fases do Cinema Novo que se diferem em tema, estilo e assunto. A primeira fase vai de 1960 a 1964, a segunda fase de 1964 a 1968 e a última vai de 1968 a 1972 aproximadamente.
Na primeira fase do Cinema Nova a temática se volta para os problemas enfrentados no sertão nordestino, abordando a fome, a desigualdade social ou a exploração e alienação religiosa. Destacam-se nessa fase diretores como Cacá Diegues, Ruy Guerra, Paulo César Saraceni, Leon Hirszman, David Neves, Joaquim Pedro de Andrade, Luiz Carlos Barreto, Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos. Entre as produções é possível salientar “Vidas Secas” (1963), “Os Fuzis” (1963) e “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964).
A segunda fase abordou a ditadura militar, nesse período surgem filmes como “O Desafio” (1965), “Terra em Transe” (1967) e “O Bravo Guerreiro” (1968). Ainda durante este período, o Cinema Novo se aproximou da proposta do Tropicalismo.
A terceira e última fase do Cinema Novo, sofrida com as consequências da repressão e da censura, tem um volume menor de produções, se aproximando cada vez mais do Tropicalismo destacando em suas produções elementos singulares típicos do território nacional como os indígenas, bananas e araras. Nesse período nascem filmes como “Macunaíma” baseado na obra de homônima de Mario de Andrade.
Infelizmente a repressão da ditadura militar acabou desgastando este movimento. Porém o Cinema Novo abriu caminho para o chamado Cinema Marginal que deu continuidade aos posicionamentos contestadores defendidos pelo movimento anterior.