O filme Guerra ao Terror (The Hurt Locker) foi lançado em 2008 e dirigido por Kathryn Bigelow. A história do longa-metragem foi baseada no livro homônimo de Mark Boal, responsável pelo roteiro. A obra foi vencedora na categoria de Melhor filme no Oscar 2010, faturando a estatueta em outras modalidades como Melhor diretor/realizador, Melhor roteiro original/argumento original, entre outras.
Nas sequências de desarmamentos de bombas e tarefas quase impossíveis a serem executadas pelo sargento, não há muito espaço para dramas ou crises. Assim como o roteiro de Mark Boal, em “Guerra ao Terror”, tudo é automático. As bombas não são desarmadas pela glória da pátria americana. São apenas mais uma tarefa a ser cumprida por um homem. Um serviço.
Uma das características destacada pela crítica especializada foi a utilização de atores desconhecidos e jovens para os principais papéis. Isso ocorre, pois, em “Guerra ao Terror", a preocupação não é retratar a guerra com base em ideologias políticas e, muito menos, apresentar o conflito como um espetáculo de destruição em massa. Na visão de Bigelow, os soldados são mostrados como uma personificação exata do propósito da guerra: passar para a próxima fase.
Em suas tramas, tarefas e, até mesmo no relacionamento com outros militares e iraquianos, os soldados são caracterizados pela diretora como homens corajosos que, em meio à aspereza das batalhas, tornam-se meras ferramentas da funcionalidade, meritocracia e burocracia. Como desarmar uma bomba com mais de uma tonelada de TNT sem ser meio homem, meio máquina?
Diversos filmes buscam retratar soldados após a guerra, quando voltam aos seus lares. Neste aspecto, a ficção de Bigelow tem algo a agradecer ao cinema de Michael Cimino em “Franco Atirador”, de 1978. Em ambos, o militar que retorna ao seu país de origem não demonstra nenhum sinal de revolta contra seu antigo modo de vida. A impossibilidade de readaptação é ressaltada apenas pela apatia e instabilidade emocional que surge do abismo entre as ações no campo de batalha e as atividades cotidianas.
No longa de Cimino, a cena final mostra Robert De Niro, soldado que acaba de ser torturado por vietnamitas (Guerra do Vietnã), reunido com amigos em volta de uma mesa farta. Junto a seus companheiros, ele canta o hino americano, ressaltando a pátria que lhe imputou a guerra na alma, e dela não a irá tirar. Algo parecido acontece quando o sargento James, o maior especialista em desarme de bombas, deixa a família e retorna ao Iraque por não conseguir se livrar da guerra que, ao mesmo tempo em que pode lhe tirar a vida, a mantém no maior nível de eletricidade possível. Encontrada no roteiro de Boal, a frase “a guerra é uma droga”, explica a razão pela qual estes homens continuam nos campos de batalha.
Fontes:
http://www.revistacinetica.com.br/hurtlocker.htm
http://omelete.uol.com.br/cinema/critica-guerra-ao-terror/
http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Hurt_Locker
http://signododragao.blogspot.com.br/2007/11/amrica-como-paixo.html