Células tronco são células com capacidade de auto-replicação / proliferação, ou seja, de se dividir e capacidade de diferenciação, dando origem a outros tipos celulares com funções especializadas . Existem diferentes tipos de células tronco, dentre elas temos: as células tronco embrionárias, fetais, IPs (Induced Pluripotent Stem Cells) ou células tronco adultas, esta classificação é dependente do tipo celular e de sua origem. As células tronco também podem ser classificadas de acordo com sua potencialidade, como as células totipotentes, que geram todos os tipos celulares; as pluripotentes de fonte embrionárias retiradas da parte interna do blastocisto, estas podem originar todas as células que formam um embrião; e células multipotentes são células com menor capacidade de diferenciação, ou seja, o número de células especializadas que podem ser geradas é limitado.
As células tronco embrionárias são extraídas do doador na fase de mórula do zigoto. Essas são totipotentes e possuem grande capacidade de se transformar em outros tipos celulares, até mesmo de gerar um indivíduo por completo. Embora possuam esta importante capacidade, as pesquisas médicas com estes tipos de células ainda encontram-se em fase de testes. Essas células foram isoladas pela primeira vez em 1998 por Thomson e seus colaboradores e em 2006 um grupo de pesquisadores conseguiu obter do músculo esquelético de um camundongo. Logo após em 2009 um grupo de pesquisa nos Estados Unidos iniciou uma pesquisa na tentativa de diferenciar as células tronco embrionárias em oligodendrócitos, células presentes no sistema nervoso, para tratamento de lesões na medula, e em 2010 mais pesquisas foram liberadas nos EUA para o possível tratamento de distrofia macular de Stargardt (doença causada pela morte de células fotorreceptoras na região central da retina chamada de mácula).
Muitos cientistas acreditam que as células tronco futuramente sejam empregadas em várias patologias como a leucemia, Parkinson, epilepsia até mesmo o Alzheimer. Estudos estão sendo realizados para a regeneração de tecidos, órgãos, músculos e nervos e bem breve com a aplicação deste tipo de tratamento será possível a impressão 3D de órgãos através do uso de células tronco, isso ajudaria a diminuir as filas de espera para transplante de órgãos.
Embora seja promissor o futuro das células tronco, temos ainda que passar por grandes obstáculos dentre eles o entendimento completo de seus aspectos moleculares e as questões éticas. Embora o avanço seja contínuo este tipo de pesquisa recebe críticas constantes de diversos setores da sociedade, principalmente por motivos religiosos. Alguns membros religiosos consideram embriões como sendo um ser vivo em formação e por ter vida consideram a prática de pesquisas como sendo manipuladoras e sacrificantes, portanto um assassinato. Nestas implicações éticas é importante relacionar as diferentes argumentações tanto conservadoras quanto progressistas para a consolidação de uma opinião do certo e do errado.
Bibliografia:
Thomson JA, Itskovitz-Eldor J, Shapiro SS, Waknitz MA, Swiergiel JJ, Marshall VS, Jones JM (1998) Embryonic stem cell lines derived from human blastocysts. Science. 282(5391):1145-7
Wagers AJ, Weissman IL. Plasticity of adult stem cells. Cell. 2004, 116: 639-48.
TAKEUCHI, Carlos Augusto; TANNURI, Uenis. A polêmica da utilização de células-tronco embrionárias com fins terapêuticos. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo , v. 52, n. 2, p. 63, Apr. 2006 .
Wobus, A.M.; Boheler, K.R. Embryonic Stem Cells: Prospects for Developmental Biology and Cell Therapy. Physiological Reviews., v 85, n.2, p.635-678 Apr 2005