Cleópatra, a famosa rainha egípcia, nasceu na cidade de Alexandria, em janeiro do ano 70 a.C. ou em meados de Dezembro de 69 a.C., filha de Ptolomeu XII, descendente da dinastia iniciada pelo general Ptolomeu, que liderou o Egito depois da submissão deste país ao poder do rei Alexandre III da Macedônia, e de Cleópatra V, a qual muitos afirmam ter sido amante de Ptolomeu. Seu nome, em grego, tem o sentido de “glória do pai”.
Cleópatra VII tornou-se a governante egípcia mais célebre, tanto que as outras Cleópatras que reinaram foram apagadas da história por sua passagem marcante pela História do Egito. Ela foi a única de sua linhagem a ter o conhecimento profundo do idioma egípcio, além de dominar também o grego, o arameu, o etíope, a línguagem dos Medas, o hebraico e o latim. Quase nada se preservou sobre sua infância e adolescência, mas pode-se afirmar que ela teve uma formação primorosa, adquirindo assim a cultura intelectual que lhe permitiria posteriormente dominar ilustres figuras que marcaram o contexto no qual ela viveu, garantindo desta forma a independência de seu país.
Não se sabe se ela realmente era tão bela como dizem, ou se nela se destacavam mais os dotes intelectuais e a estratégia diplomática, como registra a História. Parece que ela também publicou obras sobre pesos e medidas, substâncias cosméticas e elementos de magia. O pai de Cleópatra era igualmente bastardo, alcançando a liderança de seu povo apenas porque não havia mais ninguém na linha sucessória direta. Incapaz de manter seu reino sozinho, ele se aliou à potência da época, Roma, mas mesmo assim seus erros causaram a revolta do povo, e ele deixou seu país em fuga, deixando o governo nas mãos da primogênita Berenice.
Retornando ao Egito, dois anos depois, encontrou a resistência de sua filha e não hesitou em matá-la, abrindo assim caminho para Cleópatra, que após sua morte é indicada, junto ao irmão, Ptolomeu XIII, para ocupar o trono. Como a lei exige que ela esteja unida a alguém em matrimônio, ela se casa com o próprio irmão mais novo. Várias disputas se instauram entre ambos; enquanto Ptolomeu se une a Pompeu, governante de Roma, permanecendo na Alexandria, Cleópatra instala-se com suas forças armadas em Pelúsio.
Enquanto isso, Júlio César vence Pompeu, em junho de 48 a.C. O romano derrotado segue para o Egito à procura de apoio de seu tutelado, mas é morto neste país. César desembarca neste momento em Alexandria, flagrando os irmãos em confronto acirrado. Ptolomeu morre um ano depois, afogado no Rio Nilo, aparentemente em virtude de uma batalha na qual se defrontou com Júlio César, depois de vários embates entre egípcios e romanos, durante os quais a famosa Biblioteca de Alexandria foi destruída em um incêndio provocado pelas forças de Roma. Pouco depois o romano já tinha sob seu jugo o povo egípcio.
Nesta época César e Cleópatra já eram amantes, mas mesmo assim ele a força a contrair matrimônio com seu irmão caçula, de apenas 6 anos de idade, Ptolomeu XIV, a quem foi entregue o trono. Júlio retorna para sua terra natal depois de engravidar a rainha. O fruto desta união nasce no dia 27 de junho de 47 a.C., e é chamado de Ptolomeu César. Um ano depois ela parte com a família para Roma, onde permanece ao lado de Júlio por um ano e meio. Embora ele a trate como uma rainha, impondo sua presença a um povo insatisfeito, ela não vê seu desejo de se casar com o amante concretizado. A revolta popular cresce e César é morto em 15 de março de 44 a.C. Não sendo contemplada pelo testamento do amado e sentindo sua vida e a de seu filho em risco, ela volta para o Egito.
Roma era governada por um triunvirato, regime no qual três homens se associam no governo de um país, com direitos iguais. Sentindo-se ameaçada por Roma, Cleópatra seduz Marco Antônio, outro integrante do Triunvirato. Ele cede aos seus encantos e os dois permanecem juntos por um ano, até a rainha engravidar de gêmeos. Antes do nascimento, porém, ele é obrigado a voltar para seu país, pois sua esposa integrava então uma conspiração contra o sucessor de César, Otávio. Quatro anos depois ele volta para o Egito e tem um novo filho com a amante. Cleópatra é intitulada “Rainha dos Reis”, título legado a seus filhos.
A união de ambos e a força de suas pretensões incomodam Otávio, que declara Marco traidor de Roma. Em fins de 32 a.C. ele inicia um confronto com o Egito, durante o qual Cleópatra e Marco Antônio se unem contra os romanos, mas não conseguem resistir às investidas do adversário. Eles tentam furar o bloqueio romano, mas são vencidos na batalha de Accio. A rainha dissimula a derrota e retorna para a Alexandria como se fosse a vencedora do conflito, enquanto Marco foge para a Ilha de Faros, envergonhado com o revés militar. Entre idas e vindas, os amantes se unem novamente e seguem seus planos como se os romanos não pudessem mais voltar para o Egito.
Mas o inimigo volta, Cleópatra tenta um acordo, mas não obtém resposta, pois Otávio ambiciona reinar sozinho sobre o Egito. Marco Antônio tenta reagir, mas seus soldados o abandonam. Inquieta com a reação do amado, Cleópatra foge e se tranca em um sepulcro. Marco acredita nos boatos que disseminam a informação de que ela estaria morta, e se suicida no instante em que o assessor da rainha o comunicaria que ela estava viva. Ele é conduzido até a amada e morre ao seu lado. Logo depois Cleópatra, então com 39 anos, também morre, entrando para a história e convertendo-se em um grande mito.
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