A Segunda Guerra Servil foi o segundo movimento de revolta dos escravos contra república romana tardia.
No final do III século a.C., os romanos expulsaram os cartagineses da ilha de Sicília e se apropriaram de grandes propriedades que compraram com preços reduzidos. A corrida por propriedades de grande extensão territorial alterou a organização produtiva na região, que passou a conviver com proprietários enriquecidos pelo comércio de grãos e com um grande número de escravos utilizados em suas produções. No entanto, devido ao grande número de escravos disponíveis, seus donos não se preocupavam com sustentos mínimos à sua mão-de-obra. O acúmulo de uma situação de carência com a grande desigualdade de riqueza na ilha ao longo de décadas culminou com a primeira revolta de escravos contra os romanos. Ao longo de três anos, os escravos conseguiram pequenas vitórias até serem completamente derrotados pelo exército romano, encerrando a Primeira Guerra Servil.
A Segunda Guerra Servil aconteceria três décadas depois, mas por motivos diversos. No final do século II a.C., o cônsul romano Gaius Marius estava recrutando soldados para sua guerra contra os cimbrios na Gália Cisalpina. Mas o rei da Bitinia, um reino oriental da Ásia Menor, negou o fornecimento de soldados para os romanos, alegando que eles haviam cobrado impostos em demasia, impossibilitando o recrutamento e a mobilização de um exército. Então o cônsul romano decretou que os escravos na Sicília deveriam ser liberados para prover mão-de-obra aos britínios. Foi nessa ocasião que cerca de 800 escravos se rebelaram na Sicília e estimularam os demais a começar um novo conflito contra os romanos. Os embates iniciaram em 104 a.C. e Salvio se posicionou como líder, seguindo os passos de Euno, líder dos escravos na Primeira Guerra Servil.
Salvio comandou a Segunda Guerra Servil defendendo os direitos dos escravos e a liberdade. Ele assumiu o nome de Trifão, mais tarde, inspirando-se em Diodoto Trifão, um rei do império selêucida. Desta vez, os escravos somavam vinte mil soldados e ainda havia mais dois mil cavaleiros. Todos bem armados e treinados. O cônsul romano enviou um exército com cerca de cinquenta mil soldados. Os escravos, por sua vez, conquistaram mais apoio e adesão e chegaram a formar um exército de sessenta mil homens. Durante quatro anos muitas vidas foram perdidas em vários combates, mas, em 100 a.C., o então cônsul romano Manio Aquilio reprimiu fortemente os escravos em investidas poderosas de guerra.
A Segunda Guerra Servil terminou com nova vitória romana, mas não seria a última revolta de escravos. A maior de todas elas aconteceria três décadas depois.
Fontes:
http://periodicos.uesb.br/index.php/politeia/article/viewFile/636/639
http://www.historia.uff.br/stricto/td/1463.pdf