A Terceira Guerra Servil foi a última de uma série de revoltas de escravos contra a República Romana.
No século II a.C., Roma já havia se constituído como uma República e já gozava de poderio e influência na Europa Ocidental. Estava em construção a base para o grande império que se formaria posteriormente e que conquistaria grande território. Uma das práticas comuns da sociedade romana naquela época era a escravização. Os escravos eram, geralmente, prisioneiros de guerra ou devedores. Não havia distinção de cor de pele para escravidão, poderia ser qualquer pessoa que se encontrasse nessas situações. Logo, esses indivíduos poderiam possuir alguns conhecimentos ou propriedades antes da escravidão.
No final do III século a.C., os romanos expulsaram os cartagineses da ilha de Sicília e se apropriaram de grandes propriedades que compraram com preços reduzidos. A corrida por propriedades de grande extensão territorial alterou a organização produtiva na região, que passou a conviver com proprietários enriquecidos pelo comércio de grãos e com um grande número de escravos utilizados em suas produções. No entanto, devido ao grande número de escravos disponíveis, seus donos não se preocupavam com sustentos mínimos à sua mão-de-obra. O acúmulo de uma situação de carência com a grande desigualdade de riqueza na ilha ao longo de décadas culminou com a primeira revolta de escravos contra os romanos. Ao longo de três anos, os escravos conseguiram pequenas vitórias até serem completamente derrotados pelo exército romano, encerrando a Primeira Guerra Servil. A Segunda Guerra Servil aconteceria três décadas depois, mas por motivos diversos. No final do século II a.C., o cônsul romano Gaius Marius estava recrutando soldados para sua guerra contra os cimbrios na Gália Cisalpina. Mas o rei da Bitinia, um reino oriental da Ásia Menor, negou o fornecimento de soldados para os romanos, alegando que eles haviam cobrado impostos em demasia, impossibilitando o recrutamento e a mobilização de um exército. Então o cônsul romano decretou que os escravos na Sicília deveriam ser liberados para prover mão-de-obra aos britínios. Foi nessa ocasião que cerca de 800 escravos se rebelaram na Sicília e estimularam os demais a começar um novo conflito contra os romanos. Os embates iniciaram em 104 a.C. e Salvio se posicionou como líder, seguindo os passos de Euno, líder dos escravos na Primeira Guerra Servil. A Segunda Guerra Servil terminou com nova vitória romana, mas não seria a última revolta de escravos. A maior de todas elas aconteceria três décadas depois.
A Terceira Guerra Servil foi a maior das revoltas de escravos e a única que efetivamente representou alguma ameaça para Roma. Ocorrida entre 73 e 71 a.C., o movimento foi comandado por um grupo de escravos fugidos que, originalmente, eram gladiadores. Cerca de 70 homens lideraram uma revolta que cresceu e conquistou seguidores entre homens, mulheres e crianças até chegar a um total aproximado de 120.000 indivíduos. Este exército de revoltosos possui vários líderes, dentre os quais o mais famoso historicamente foi Espártaco. O gladiador-general capacitou e comandou os adultos com sucesso suficiente para derrotar o exército romano em vários momentos, incluindo vitórias sobre as mais simples e as mais poderosas forças da república.
Enquanto alguns encaravam a Terceira Guerra Servil como a ação de escravos em busca da liberdade, outros a julgavam como a revolta de escravos que queriam dominar Roma. De um modo ou de outro, os acontecimentos preocupavam muito o Senado Romano. Aterrorizados com o poder de ação desses escravos gladiadores, os senadores reuniram um exército de oito legiões que foi comandado por Marco Licínio Crasso com o objetivo de acabar definitivamente com as revoltas servis. Os exércitos de Espártaco lançaram-se com todas as forças contra as legiões de Marco Crasso, mas foram completamente aniquilados e a guerra chegou ao fim no ano 71 a.C..
A Terceira Guerra Servil foi um marco na história romana, gerando grandes personagens como o gladiador-general Espártaco, Marco Licínio Crasso e Pompeu, generais que foram fundamentais para derrotar os exércitos revoltosos e usufruíram do prestígio para impulsionar a carreira política. A Terceira Guerra Servil também é chamada de Guerra dos Gladiadores ou de Guerra de Espártaco, por causa de seu mais famoso líder. Também não obteve sucesso contra a República Romana, porém foi a mais assustadora. A revolta foi esmagada, todavia deixou várias consequências para os romanos em função dos efeitos políticos indiretos que contribuíram para a transição de República Romana para Império Romano.
Fontes:
http://www.youtube.com/watch?v=f-DUzUR_1eo
http://www.historia.uff.br/stricto/td/1463.pdf
http://periodicos.uesb.br/index.php/politeia/article/viewFile/636/639