Fanatismo

Por InfoEscola
Categorias: Comportamento, Filosofia
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Por Ana Lucia Santana

Embora as pessoas associem geralmente o fanatismo a causas políticas ou religiosas, este comportamento é muito mais amplo do que se imagina. Originário do francês fanatique ou do latim fanaticus – ‘o que pertence a um templo’ -, ele se refere a toda atitude exagerada, radical, compulsiva.

Fanáticos do grupo Ku Klux Kan, próximo a Whashington, D.C., Estados Unidos (1921-22). Foto: Everett Historical / Shutterstock.com

De acordo com o Dicionário Aurélio, o fanático é o ser que segue de forma cega uma doutrina ou um partido, mas outros dicionários apresentam significados mais extensos, como o “culto excessivo de alguém ou de alguma coisa; zelo religioso excessivo; paixão política; intolerância religiosa; sectarismo; exaltação exagerada; faccionismo; dedicação excessiva.” Estas conotações derivam de um ritual primitivo, durante o qual os sacerdotes que cultuavam certas divindades, como Cibele e Belona, entravam em êxtase e, neste estado, se cortavam, deixando fluir o sangue dos seus corpos.

Assim sendo, o fanatismo envolve não só disputas maiores e globais, que envolvem o próprio destino do Planeta, mas também atos cotidianos, como o amor obsessivo por alguém, a devoção a um time de futebol, o apego excessivo a um objeto, entre outros. Estas paixões podem levar a pessoa a cometer ações insensatas, muitas vezes criminosas. Elas são normalmente marginalizadas, pois se comportam de maneira distinta dos que são mais moderados em suas atitudes, embora qualquer um esteja sujeito a desenvolver sentimentos desta natureza.

Torcida no estádio no confronto entre NK Rijeka e NK Dinamo em 2014, Rijeka, Croácia. Foto: Lario Tus / Shutterstock.com

Os fanáticos são geralmente prisioneiros de suas obsessões, sejam elas um Deus, um líder político, uma causa utópica ou uma fé inquestionável. Estas visões de mundo são quase sempre de natureza irracional, e as pessoas que alimentam crenças deste teor acham realmente que estão imbuídas de uma missão messiânica, que devem salvar as pessoas do Mal ou da desordem mundial.

Algumas modalidades de fanatismo transcendem a individualidade e se expressam coletivamente, tais como em grupos de oração, nas práticas voluntárias de penúria e fome, nas romarias, no exercício do jejum, em suplícios que podem acarretar o próprio suicídio, individual ou coletivo. Este comportamento está psicologicamente associado a uma atitude de escape da realidade. Nem todo fanático, porém, aparenta ser o que é, pois as características acima descritas referem-se a momentos de radicalidade e extremismo.

Na verdade, mesmo alguns homens-bombas, que se suicidam por uma causa política ou religiosa, no dia-a-dia são normalmente pessoas comuns. Nos atos terroristas, aliás, encontramos elementos de devoção fanática aliados a uma inteligência acima da média, neste caso utilizada para o mal, embora estes militantes pretendam estar lutando contra as trevas, salvando o mundo.

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