O código Morse é um método de transmissão de uma informação em texto, com o uso de dois tons sonoros distintos, que podem apenas ser compreendidos por um ouvinte habilitado. O código Morse Internacional abarca o alfabeto latino latino convencional, algumas outras letras romanas, e os números arábicos, além de uma pequena quantidade de pontuação e sinais padrões, tudo sendo de possível codificação usando apenas pontos, traços e espaços. Como diversas línguas possuem alfabetos próprios, várias extensões foram aplicadas ao código Morse convencional, possibilitando o seu uso em diversos idiomas.
O código Morse é a forma codificada de comunicação mais popular entre os radioamadores. Hoje, o Morse não é mais necessário para que alguém se forme como operador de rádio. Pilotos e controladores de tráfego aéreo, por exemplo, apenas precisam de um entendimento geral para se formarem. Dados de dispositivos auxiliares na navegação aeronáutica, como VOR e radiofarol, são constantemente apresentados em Morse. Comparado à transmissão em voz, o Morse é menos sensível à condições climáticas, além de ser capaz de ser decodificado sem a necessidade de um dispositivo especial. O código Morse é uma alternativa útil para o envio de dados para ouvintes em canais de voz, pois muitos repetidores de rádio amador, por exemplo, são capazes de transmiti-lo, mesmo que eles sejam utilizados para comunicações de voz.
Para sinais de emergência, o código Morse pode ser enviado com o uso de equipamentos improvisados, tornando-o um dos métodos mais versáteis de telecomunicação. O sinal de socorro mais comum é o SOS, formado por três pontos, três traços e três pontos. Esse sinal é internacionalmente reconhecido.
A origem do código Morse remonta a criação do sistema de telégrafo elétrico, desenvolvido no começo de 1836, pelo artista Samuel Morse, o físico Joseph Henry e o inventor Alfred Vail, todos americanos. Esse sistema, enviava pulsos elétricos através de cabos conduzidos por um eletroímã, posicionado no local receptor. Obviamente, um código teria de ser criado para a transmissão de uma linguagem, usando apenas esses três pulsos elétricos, além do espaço entre eles. Samuel Morse, portanto, criou e desenvolveu aquilo que seria o precursor do Código Morse Internacional, usado hoje.
Em 1837, William Cooke e Charles Wheatstone, na Inglaterra, começaram a usar um telégrafo elétrico que também usava eletroímãs em seus receptores. No entanto, diferente de qualquer outro sistema linguístico formado por cliques, eles usavam um sistema de agulhas que giravam acima de alfabetos para indicar as letras que estavam sendo enviados. Em 1841, Cooke e Wheatstone construíram um telégrafo que imprimia as letras em uma roda de tipos. Esta máquina foi baseada em seu telégrafo de 1840 e funcionou bem. No entanto, eles não conseguiram encontrar clientes para este sistema, e apenas dois exemplares foram já construídos.
Por outro lado, o sistema telegráfico dos três americanos, inaugurado em 1844, foi projetado para fazer registros em uma fita de papel quando correntes elétricas fossem recebidas. O receptor original do telégrafo Morse utilizava um mecanismo de rodas mecânicas para mover a fita. Quando uma corrente elétrica era recebida, um eletroímã acionava uma caneta na fita de papel, que estaria em movimento, fazendo um recorte na fita. Quando a corrente era interrompida, a caneta era retraída, para que a porção da fita que não tivesse sido utilizada continuasse sem marcas.
O código Morse foi desenvolvido para que os operadores pudessem decodificar as marcas deixadas na fita de papel em mensagens inteligíveis. Em seu primeiro sistema, Morse planejava transmitir somente números, e usar um dicionário para que o receptor procurasse cada palavra de acordo com o número que tinha sido enviado. No entanto, o código logo foi expandido por Alfred Vail, recebendo letras e caracteres especiais, para que pudesse ser utilizado de modo mais abrangente. Vail determinou a freqüência de uso das letras no idioma Inglês, às letras mais usadas foram atribuídas as sequências mais curtas de pontos e traços, àss menos usadas foram atribuídas as sequências mais longas. Logo, os operadores perceberam que podiam perfeitamente ouvir os pontos e traços emitidos pelos pulsos elétricos, escrevendo a mensagem numa folha de papel, descartando, assim, o uso da fita de papel operada mecanicamente.
Quando o código Morse foi adaptado para comunicação por rádio, os pontos e traços passaram a ser enviados na forma de pulsos curtos e longos, respectivamente. Percebeu-se, mais tarde, que as pessoas se tornavam mais eficiente em lidar com o código Morse quando ele lhes era ensinado como uma linguagem sonora.
Na década de 1890, o código Morse começou a ser usado extensivamente no início das comunicações em rádio, antes de ser possível transmitir voz. No século XIX e início do século XX, a maioria das comunicações em alta velocidade de comunicação utilizavam o código Morse através dos telégrafos, cabos submarinos e alguns circuitos de rádio. Na aviação, o código Morse por rádio começou a ser usado regularmente nos anos de 1920. As aeronaves levavam, em sua tripulação, um indivíduo capaz de decodificar e enviar mensagens, por código Morse, para as estações em terra.
A partir dos anos 1930, ambos os pilotos civis e militares foram obrigados a se especializarem em código Morse, pois os sistemas de comunicação e identificação de pontos de navegação eram transmitidos através de mensagens contínuas levando dois ou três letras codificadas em código Morse.
A radiotelegrafia, usando o código Morse, foi de fundamental importância durante a Segunda Guerra Mundial, especialmente na transmissão de mensagens entre os navios de guerra e as bases navais de diversos países envolvidos no conflito. As comunicações de longo alcance entre navios eram feitos por radiotelegrafia, usando mensagens criptografadas, porque os sistemas de rádio por voz ainda eram muito limitados, tanto em alcance quanto segurança. Esse mecanismo também foi bastante usado por aviões de guerra, especialmente os patrulheiros, que enviavam para os seus comandos a posição de navios, tropas e aeronaves inimigas. As estratégias de batalha em terra também mudaram muito graças à radiotelegrafia. As ofensivas blitzkrieg alemãs, por exemplo jamais seriam realizadas se uma extensa rede de comunicação rápida não estivesse dando apoio às tropas.
O código Morse foi usado como uma comunicação marítima padrão até 1999, quando foi substituído pelo Sistema Mundial de Socorro e Segurança Marítima. Quando a Marinha Francesa cessou o uso do Código Morse, a 31 de Janeiro de 1997, a mensagem final transmitida foi: "Chamando todos. Esse é o nosso último brado antes do silêncio eterno". Hoje, quase nenhuma nação, oficialmente, monitora transmissões em código Morse.
Fontes:
http://www.omniglot.com/writing/morsecode.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Morse_code
http://www.wrvmuseum.org/morsecodehistory.htm