Conto de Lygia Fagundes Telles que conta a história de um amor platônico, que não se concretizou. Pomba enamorada é a personagem feminina principal da história, uma pessoa sem vaidade e até mesmo descuidada com sua aparência física. Isso iria mudar, porém quando conheceu Antenor em um baile e se apaixonou por ele.
Daí em diante, sendo uma mulher supersticiosa que acreditava em simpatias, horóscopo, etc, passaria a perseguir este “amor”, porém a ser rejeitada por ele. Telefonava para ele, mandava-lhe presentes, mas só recebia dele grosserias e destratos. Utilizava o nome de Pomba enamorada para escrever cartas de amor para ele, além de diversas outras tentativas de trazê-lo para si, mas nada adiantava. Ao saber que ele iria se casar, entrou em desespero, desmaiou e chegou ao ponto de beber soda cáustica, sofrendo assim queimaduras internas e perdendo 5kg. Mas mesmo com tal atitude, não o esqueceu.
O tempo passou e ela acabou casando com Gilvan, mas depois de um tempo deu ouvidos a uma cartomante que disse que a primeira letra do nome do seu amado era a letra A, e que ele a estaria aguardando na rodoviária, em um ônibus vermelho e amarelo. Pomba enamorada, sabendo que Antenor agora era motorista, acreditou na tal cigana.
A história acaba no dia e hora marcados pela cartomante, quando a mulher deixa a neta com uma vizinha, veste o vestido das bodas de prata e vai para a rodoviária.
O conto faz parte do livro Seminário de Ratos e mostra a figura masculina como sendo grosseira e a feminina como carente. A narrativa é em terceira pessoa. O tempo vai desde a adolescência quando ela se apaixona pelo tal Antenor, até a idade adulta, quando, movida por uma superstição e pela obssessão por aquele homem, idealiza novamente o antigo romance que nunca se concretizara.
Como é característico da literatura de Lygia Fagundes Telles, o conto mostra os conflitos individuais do ser humano, neste caso, de uma mulher que passa a vida toda e nunca esquece de um sentimento que teve quando jovem. A ficção é construída ao redor de um universo de desajustes e desencontros, trabalhando com as emoções e a imaginação, indo da racionalidade à insanidade humanas.
Faz um link com os romances apreciados pela burguesia, classe social à qual a tal personagem pertencia, mostrando no conto que ela era assídua expectadora das telenovelas e leitora dos folhetins, e que isso a influenciava de maneira a fazê-la construir ao redor de si um universo ficcional baseado nos romances que acompanhava.