A expressão grega apóstolos já nos dá uma pista para compreender seu significado, pois aponta para a acepção ‘enviados’, referindo-se ao papel cumprido por um grupo de pessoas que tinha como missão pregar a Boa Nova que Jesus trouxe à humanidade. O alvo inicial eram os judeus, mas depois também foram convocados para levar a palavra do Mestre aos gentios, ou seja, a todos os povos do mundo. Pode-se dizer que estes doze homens foram os primeiros missionários cristãos.
Ao contrário do Judaísmo, muito fechado para outros grupos e repleto de regras e preceitos difíceis de cumprir, o Cristianismo já nasceu com a vocação de disseminar sua doutrina. A princípio os cristãos eram integrantes de uma pequena facção dentro da religião judaica, mas à medida que eles flexibilizavam suas tradições, o Cristianismo se expandia cada vez mais. Nesse desenvolvimento religioso os apóstolos cumpriram um papel decisivo. Estes homens despiram os ensinamentos de Jesus de qualquer complexidade, facilitando seus preceitos para os leigos. É necessário saber distinguir entre ‘apóstolo’ e ‘discípulo’, que significa ‘aluno’ em latim, portanto aquele a quem Jesus transmitia suas lições. O Mestre estava cercado, na época, por pelo menos setenta discípulos, além dos apóstolos, para assessorá-lo. Paulo de Tarso, embora não tenha convivido com o Messias, também é considerado seu apóstolo, pela maneira como pregou o Evangelho.
Cristo escolheu deliberadamente os homens que articularam o crescimento do Cristianismo, consciente de que eles seriam seus herdeiros e perpetuariam a influência de seus ensinamentos ao longo do tempo e do espaço. Assim, entre os discípulos que o seguiam, escolheu os doze que o representariam na posteridade. Grande parte deles provinha da região de Cafarnaum, marginalizada pela elite judaica por ser considerada um reduto de gentios. E justamente indivíduos nascidos nesse meio tão desprezado é que foram eleitos por Jesus para continuar seu trabalho na Terra, o que dá a dimensão do poder de subversão de Jesus, e do impacto que suas atitudes tiveram sobre a cúpula hebraica. Não se conhece, até hoje, a aparência física exata dos apóstolos. Mas, como viveram muito tempo depois da partida de Jesus, supõe-se que, ao serem escolhidos para o seu ministério, eram realmente bem jovens. Foram eles: André; Bartolomeu, também chamado de Natanael; Tiago, filho de Alfeu; Tiago, filho de Zebedeu; João; Judas; Judas Iscariotes; Mateus; Filipe; Simão Pedro; Simão Zelote; Tomé e Matias, substituto de Iscariotes.
André – do grego Andréas, significando ‘varonil’ - era antigo seguidor de João Batista. No dia do famoso batismo de Jesus, ele e outro companheiro acompanharam o Messias, a quem depois apresentou seu irmão, Simão Pedro, que mais tarde se tornaria importante apóstolo de Jesus. Posteriormente, André e Pedro, ambos pescadores, seriam convidados para integrar o grupo de discípulos, tornando-se depois apóstolos de Jesus. Ele pregou nos países da ex-União Soviética e na região hoje chamada de Turquia, bem como na Grécia, local no qual teria sido morto em uma cruz. Diz-se que ele foi o fundador da Igreja em Bizâncio, sendo assim considerado o primeiro Patriarca de Constantinopla.
Sobre Bartolomeu faltam maiores dados, há controvérsias inclusive sobre seu nome, porque enquanto em alguns documentos ele é chamado de Bartolomeu, João se refere a ele como Natanael. Tradicionalmente diz-se que ele foi missionário na Índia e que morreu como mártir cristão. Tiago, filho de Alfeu, também não é amplamente descrito na história do Cristianismo. Alguns pesquisadores crêem que ele era irmão de Mateus, outros que ele era chamado de “Tiago, o Menor”. Conta-se que ele disseminou o Evangelho na Pérsia, onde teria sido crucificado. Outro Tiago, filho de Zebedeu, conhecido como Tiago Maior, foi um dos primeiros seguidores de Jesus. Acredita-se que João morreu naturalmente, bem idoso. Em Éfeso ele foi um líder cristão, e acredita-se que ele viveu muito tempo como filho de Maria, mãe do Nazareno, de quem tomava conta. Provavelmente escreveu o Livro do Apocalipse na Ilha de Pátmos, onde foi exilado algum tempo depois.
Judas Tadeu é um dos três importantes Judas do Evangelho – os outros dois são Judas Iscariotes, que teria traído Jesus, e o irmão deste, criador da Epístola de Judas. Ele teria pregado o Evangelho na Judéia, na Samaria, na atual região do Iraque e na Pérsia, onde sofreria martírios ao lado de Simão, o Zelote. Este teria se recusado a oferecer sacrifícios ao deus Sol. Judas Iscariotes é o controvertido apóstolo que teria traído Jesus. Atualmente muitos estudos apontam para direções diferentes, mas tradicionalmente ele, um zelote – membro de um partido político judaico revoltoso, ala radical dos fariseus - estaria à espera de um Messias guerreiro, que viria libertar os judeus do jugo romano. Pressionado pelos sacerdotes hebreus, que se valeram desta sua fraqueza, Judas teria aceitado entregar Jesus – o sinal para a prisão do Mestre seria um beijo no seu rosto, visando identificá-lo perante os soldados – por trinta moedas de prata. Acredita-se atualmente que Judas na verdade pretendia incitar Jesus a assumir seu lado revolucionário, pois ele estava convicto de que o Nazareno estava apenas esperando o momento certo para se rebelar contra Roma. Mas alguns evangelistas afirmam que ele agiu assim motivado pela recompensa financeira, e outros que ele estava dominado pelo Mal. Logo depois, arrependido, não suporta o peso dos acontecimentos e se enforca.
Mateus foi um coletor de impostos e autor de um dos Evangelhos. Seu ministério foi realizado no atual Irã e na Etiópia. Filipe provavelmente teve um grande poder religioso em Cartago, norte da África, e na Ásia Menor. Por ter convertido a esposa de um pró-cônsul romano, ele teria sido morto cruelmente. Simão Pedro é o irmão de André, considerado pelos católicos como o primeiro Papa. Foi martirizado em Roma pelo Imperador Nero e crucificado de cabeça para baixo, conforme ele mesmo teria pedido, pois não se achava digno de morrer como o Mestre. Tomé era considerado como o apóstolo mais cético, mas foi também um dos mais ativos, pregando ao leste da Síria, chegando possivelmente até a Índia. Matias substituiu Judas Iscariotes e diz-se que foi para a Síria com André, sendo executado na fogueira. Paulo de Tarso foi um apóstolo tardio, convertido após uma visão de Jesus às portas de Damasco, quando o próprio Mestre o teria convidado para exercer o apostolado.
Fontes
http://www.espiritismo.org/os12apost.htm
http://www.vivos.com.br/126.htm
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/os_12apo.jpg
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/cristianismo/apostolos/