Historicamente não é possível precisar quando o Cristianismo aportou na Inglaterra, embora alguns dados oficiais apontem a existência desta religião antes do século III nas Ilhas Britânicas. Algumas lendas ainda não comprovadas indicam que esta região teria recebido a mensagem cristã através do apóstolo Paulo e também de Filipe e José de Arimatéia. É muito provável que grupos de cristãos, fugindo da perseguição contra esta nascente religião, tenham se exilado nestas terras e aí disseminado o Evangelho.
No Concílio de Arles, na França, que ocorreu no ano de 314 d.C., três bispos de uma Igreja inglesa - desconhecida das autoridades eclesiásticas romanas - marcaram sua presença, os primeiros bispos anglicanos de que já se teve informação.
A Igreja Celta é a primeira Igreja Cristã instituída na Inglaterra. Este povo já vivia neste local antes da chegada dos anglo-saxões, e resistiram à cultura pagã que seus dominadores queriam lhes impor. Eles edificaram uma instituição livre, sem vínculos com Roma ou qualquer outra matriz, organizada de forma monástica e tribal, com traços orientais. O Papa Gregório, no ano de 597, desejando estender seu domínio sobre o território britânico, expediu até as ilhas seus mensageiros, quarenta monges liderados por Agostinho, que se tornou o primeiro Arcebispo de Cantuária, na tentativa de converter os habitantes da Bretanha, depois de 150 anos de inatividade cristã imposta pelos invasores. Algum tempo depois Teodoro de Tarso chefiou uma nova missão apostólica.
A Grã-Bretanha sofreu outra invasão no fim do século X, desta vez dos dinamarqueses, que aniquilaram quase tudo. Logo depois, no ano de 1016, ocorreu uma segunda dominação normanda, porém desta vez liderada por um rei cristão. Após vários séculos, a Igreja britânica decidiu que o melhor caminho era romper com a Igreja Romana e sua dominação papal, o que aconteceu definitivamente em 1534, por meio do rei Henrique VIII, que aproveitou um conflito pessoal com o Papa, desencadeado pela decisão real de anular seu matrimônio com Catarina de Aragão, para separar de uma vez sua Igreja da esfera romana. Esta cisão se deu em plena eclosão da Reforma Protestante, representando assim a liberdade de uma Igreja que sempre se desenvolveu de forma autônoma.
Assim nasceu a Igreja Anglicana, também conhecida como Igreja da Inglaterra. Apesar de surgir no momento histórico do Luteranismo, ela tem mais em comum, na sua liturgia, com o Catolicismo do que com o Protestantismo. Esta Igreja também sofreu divisões, portanto há o grupo da Igreja Alta e o da Igreja Baixa, que diferem quanto à maneira de realizar seus cultos e de se expressar. Os preceitos anglicanos estão ordenados no Livro de Oração Comum, nos Ordinais originários dos séculos XVI e XVII, nos 39 Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra, nos quais está contido o resumo da crença anglicana, e mais sinteticamente no Quadrilátero de Lambeth-Chicago de 1886-1888, texto onde estão inscritos os princípios essenciais do Anglicanismo Histórico, entre eles a busca da unidade da Igreja Cristã.
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Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/cristianismo/igreja-anglicana/