A Ordem Rosa-Cruz é uma fraternidade que abriga pessoas pretensamente elevadas espiritualmente, portadoras de um coração puro e de um saber sem tamanho. Embora seus adeptos afirmem que ela surgiu no século XIV, por meio da união de doze seres – médicos, alquimistas e matemáticos - escolhidos e guiados por uma entidade que se apresentava como “Cristão Rosa Cruz”, ela só se tornou publicamente conhecida no século XVII, através da publicação do manifesto ‘Fama Fraternitatis’, em 1614.
Neste período, chamado por alguns estudiosos de Iluminismo Rosacruz, foram editadas mais duas declarações, ‘Confessio Fraternitatis’ e ‘Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz’, que causaram grande impacto na época em que apareceram. Alguns pesquisadores situam o surgimento destes textos no seio de uma comunidade protestante alemã.
Alguns adeptos ancestrais e também contemporâneos deste movimento vêem nele o abrigo de um grupo de seres pertencentes a outras dimensões, portanto não visíveis para nós, os quais liderariam constantemente o processo de transformação da humanidade, contribuindo assim para seu desenvolvimento espiritual. Outros acreditam que a Ordem Rosacruz é parte de algo maior, representando a linhagem hermético-cristã manifesta nas obras alquímicas ocidentais que vieram a público logo após o lançamento de A Divina Comédia, de Dante.
Este movimento ainda subsiste e seus membros lutam pela sublimação do Homem. A seleção dos adeptos é rigorosa, pois apenas pessoas já bem amadurecidas espiritualmente podem ser admitidas na esfera mais íntima desta Ordem. A tarefa destes seres é constante e mantida em total segredo. Eles são, segundo narram as lendas, herdeiros de Christian Rosenkreuz, alemão nascido no ano de 1378, filho de pais célebres, embora sem muitos recursos materiais. Estudioso das artes ocultas, as quais aprendeu durante suas viagens por Damasco, Egito e Marrocos, acompanhado por um monge, ao voltar para sua terra natal, em 1407, teria supostamente instituído a ‘Fraternidade da Rosa Cruz’, seguindo as diretrizes obtidas junto aos mestres árabes que contribuíram para seu desenvolvimento espiritual.
Segundo as histórias construídas para explicar o surgimento desta Ordem, Christian teria também cumprido uma etapa de sua existência na Espanha, durante cinco anos, quando então três de seus seguidores elaboraram as doutrinas que deram início à Fraternidade. Aí eles igualmente estagiaram no exercício da fraternidade, através da prática do auxílio e do socorro aos necessitados, acolhidos pela Casa Sancti Spiritus, por eles fundada. Desta forma eles exercitaram a solidariedade que depois inspiraria os líderes da Rosa Cruz na direção dos novos rumos da Humanidade.
De acordo com o tratado ‘Fama Fraternitatis’, Christian faleceu em 1484 e foi enterrado em local secreto até 1604, quando sua tumba foi misteriosamente localizada. Outras lendas menos conhecidas e aceitas são também divulgadas aqui e ali. Nada é, porém, muito concreto nestas pesquisas sobre as origens dos Rosacruzes, pois até mesmo os membros desta Fraternidade encontram-se divididos quanto à existência ou não de Christian Rosenkreuz.
O que realmente se sabe é que grande parte de seus primeiros adeptos era composta por médicos, alquimistas, naturalistas, boticários, adivinhos, filósofos e artistas, diversas vezes considerados como charlatães e hereges por seus adversários. Eles aparentemente não apresentam uma estrutura hereditária, referindo-se uns aos outros como irmãos. Os rosacruzes são prováveis legatários de ensinamentos ancestrais, provindos da alquimia medieval, da gnose, do ocultismo, do hermetismo inerente ao Egito Antigo, da cabala e dos ensinamentos neoplatônicos.