Dentro da tradição judaico-cristã a palavra dízimo (com origem no termo latino decimus, que significa a décima parte de um determinado valor) é um tributo previsto no Antigo Testamento, que era pago voluntariamente como forma, principalmente, de manutenção do clero e de apoio aos pobres.
Acredita-se que o patriarca Abraão já previa o estabelecimento do dízimo, e que os sacerdotes levitas da casa de Abraão tenham continuado com a prática. Em ocasiões como a da reforma do templo sob o reino de Joás (oitavo rei de Judá), o dízimo tinha um valor certo de meio siclo (ou shekel). O ciclo era uma moeda de prata pura local.
Embora não se conheça nenhuma menção por Jesus Cristo sobre o instituto, e haja certa controvérsia sobre sua caracterização no Novo Testamento, (sobre a quantidade de vezes que o dízimo é mencionado e se o tributo seria devido pelos cristãos) é muito comum hoje em dia que várias denominações cristãs o solicitem como forma de sustento de seu aparato e de seu corpo clerical. O certo é que o dízimo é praticado por algumas das denominações cristãs e é facultativo em outras (caso da Igreja Católica Apostólica Romana), e o seu valor varia frequentemente, dependendo da corrente cristã a que se contribui.
Sabe-se concretamente que, por cerca de 300 anos os cristãos não observavam tal obrigação, e até por volta do século VIII a obrigação do dízimo continuou a ser uma questão de menor alcance e importância. A partir do século III começa a surgir a ideia do dízimo obrigatório por parte da nascente igreja. São Cipriano (200 d.C. - 258 d.C.) é o primeiro escritor cristão que se tem notícia a defender a contribuição. Gradualmente, a oferta do dízimo foi sendo consolidada como uma ajuda aos mais pobres e de apoio financeiro aos obreiros cristãos na fundação de novas igrejas. Mesmo assim, apesar do nome, a regra implícita entre a população era de que a contribuição fosse de qualquer valor que o fiel tivesse condição de doar, e não exatamente a décima parte de seus proventos. Ao final do século X, o dízimo torna-se uma exigência legal para o sustento da igreja estatal, e sua coleta era feita pelos servidores do reino, ou seja, entes seculares, não ligados à Igreja. Com as ideias trazidas pelo Humanismo cinco séculos depois, a Igreja vai gradativamente perdendo seu poder e predominância em meio à sociedade, e a questão do dízimo deixa de ser imposta a todos sem discriminação.
Bibliografia:
A origem histórica do dízimo: Cristianismo Pagão. Disponível em: <http://aultimahora2012.blogspot.com.br/2011/08/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html. Acesso em: 23 dez. 2012.
NEVES DA SILVA, Demóstenes. Dízimo Bíblico: Origem e propósito. Disponível em: <http://www.jesusvoltara.com.br/atuais/dizimo_proposito.htm>. Acesso em: 23 dez. 2012.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/cristianismo/origem-do-dizimo/