O Papa Pio XII foi o 260º soberano da Igreja Católica. Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli nasceu em Roma no dia 2 de março de 1876. Proveniente de uma família da nobreza italiana, era neto de Marcantonio Pacelli, que fora subsecretário do Ministério das Finanças Papais e fundador do jornal oficial do Vaticano sob o pontificado de Pio IX. Seu pai e seu irmão também eram extremamente ligados às questões religiosas. Pacelli estudou no Liceu Visconti e, em 1884, ingressou na Universidade Gregoriana para os estudos de Teologia. Chegou a cursar um ano de Filosofia também na Universidade La Sapienza. Mais tarde, em 1899, passou a estudar na Pontifícia Universidade Lataranense e obteve licença em Teologia, Direito Civil e Direito Canônico.
O início dos trabalhos apostólicos de Pacelli aconteceu na igreja de Santa Maria Vallicella, onde integrava um grupo de jovens. Sua ordenação como sacerdote finalmente se realizou no dia 2 de abril de 1899. Já em 1901, ingressou na Congregação dos Assuntos Eclesiásticos Extraordinários e se tornou responsável pelas relações internacionais do Vaticano. Assistiu ao conclave de 1903 e presenciou o veto do imperador austríaco Francisco José I que impediu o cardeal Rampolla ser nomeado papa.
Pacelli tinha respeito e a confiança dos altos escalões da Igreja. Prova disso foi sua nomeação de “Camareiro” do papa. Como intelectual, publicou algumas obras, mas recusou ser professor em cadeiras de Direito Canônico até aceitar lecionar na Pontifícia Academia Eclesiástica, importante formadora da Cúria Romana. Foi o representante do Vaticano no Congresso Eucarístico Internacional e representou a Santa Sé em várias ocasiões públicas nas quais esteve em contato direto com grandes líderes de Estado.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Pacelli assume a responsabilidade de promover a política papal durante o conflito. Tenta, especialmente, evitar a entrada da Itália na guerra, mas não obtém êxito. Ainda durante o conflito, é nomeado, em 1917, como Núncio Apostólico na Baviera e arcebispo de Sardes. É responsável por uma intensa atividade diplomática da Igreja Católica.
Após sua nunciatura na Alemanha, Pacelli foi nomeado cardeal no dia 16 de dezembro de 1922 pelo papa Pio XI e tornou-se, no ano seguinte, Secretário de Estado. Foi fiel colaborador do papa Pio XI e condenou os totalitarismos. Chegou a Cardeal Camerlengo em 1935 e viajou pela Europa e pela América em missões diplomáticas. Ainda no mesmo ano de 1935, tornou-se membro da Ordem Terceira de São Domingos, o que o fez receber o hábito de dominicano.
Com o falecimento do papa Pio XI, teve início o conclave de 1939 para escolher o novo soberano da Igreja Católica. No dia do aniversário de Pacelli, 2 de março, ele foi eleito para assumir o cargo de Supremo Pontífice, adotando, então, o nome de Papa Pio XII.
O Papa Pio XII assumiu a liderança da Igreja em um momento crítico para a humanidade, o ambiente era de extrema tensão e já se previa o início de um novo confronto entre os países europeus. Não tardou para que, no mesmo ano, começasse a Segunda Guerra Mundial. Com uma longa carreira diplomática, procurou de todas as formas evitar o combate, porém sem sucesso. Passou os anos do conflito tentando alcançar a paz e condenou a perseguição aos judeus. Quando os nazistas invadiram Roma, abriu a Santa Sé para os refugiados e concedeu cidadania a quase 1.500.000 de pessoas. O ativo posicionamento de Pio XII contra o que acontecia na Europa fez com que Hitler ameaçasse raptá-lo. O líder nazista tinha receio da influência e do poder do papa e preocupou-se em garantir os arquivos e os tesouros artísticos do Vaticano e transferir a Cúria para um lugar neutro para que pudesse ter influência na eleição do novo papa.
Com todas as adversidades, o Papa Pio XII superou a Segunda Guerra Mundial com um esforço notório pela paz, muito embora seja alvo de polêmicas discussões. Depois do conflito, condena a União Soviética pelos males contra povos do Leste Europeu e contra a repressão religiosa. Foi também um crítico dos males da Guerra Fria e rejeitou a doutrina do comunismo.
O Papa Pio XII faleceu no dia 9 de outubro de 1958. Seu corpo foi embalsamado de maneira equivocada, o que ficou notório durante seu velório. O odor e a decomposição aconteceram de forma intensa. Seus restos mortais foram removidos secretamente no dia 12 de outubro para finalmente receber um tratamento correto. Foi sucedido pelo papa João XXIII.
Em 2007, a Congregação para a Causa dos Santos reconheceu as virtudes de Pio XII e passou ao papa Bento XVI a decisão de torna-lo Venerável, último passo antes de ser beatificado. A proclamação de Venerável aconteceu em 2009 e, agora, aguarda-se a confirmação de um milagre intercedido por Pio XII para que seja declarado beato.
Fontes:
CHINIGO, Michael. Pio XII e os problemas do mundo moderno. Edições Melhoramentos. São Paulo, Brasil, 1960.
DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/cristianismo/papa-pio-xii/