Moçambique é um país de grande diversidade cultural, e como a maioria dos países da África, não possui uma identidade específica, apresentando aspectos que o ligam a outros países vizinhos e mesmo a outros continentes. Ao conquistar a independência, em 1975, após quase quinze anos de guerra contra os portugueses, os líderes moçambicanos buscaram eliminar a língua do colonizador, mas isso se tornou impraticável ante à variedade de línguas presentes no país, que possuem importância regional, mas não alcance nacional.
São ao todo 43 idiomas, dos quais se destacam o macua, tsonga (shangaan), sena, lomwe, chuwabu e o nianja. O tsonga, por exemplo, é falado pela etnia de mesmo nome, que está espalhada por Moçambique, África do Sul, Zimbábue e Suazilândia. Já a língua nianja, por sua vez, é falada pela etnia chewa e mais alguns povos próximos a eles, em Zâmbia, Zimbábue, Moçambique e Malawi, sendo que neste último país ela é oficial.
Apesar de apenas cerca de 40% dos moçambicanos dominarem a língua portuguesa, a literatura do país é feita predominantemente nesta língua, e é bastante forte, tendo nomes de peso como José Craveirinha, Paulina Chiziane e Mia Couto. Na pintura destaca-se o nome de Malangatana Ngwenya, ou simplesmente Malangatana, um dos expoentes da pintura africana moderna, responsável por temas típicos, utilizando cores vivas, destacadas e abusando das formas curvas e da quantidade de figuras humanas.
Além da influência portuguesa, Moçambique está bastante ligado à Índia e ao Oriente Médio. Acredita-se por exemplo que o nome "Moçambique" é a forma aportuguesada Musa al Bik, o nome de um antigo xeque árabe que viveu no norte, na Ilha de Moçambique. No fim do primeiro milênio, os povos bantu locais já negociavam com os persas, árabes e somalis, e a região norte ainda hoje está ligada à zona de cultura e língua suaíle (combinação de matizes leste-africanos e árabes), dividindo traços similares com Quênia, Tanzânia e Uganda. A cidade de Sofala, atualmente Nova Sofala, por exemplo, foi fundada por volta do ano de 700 por navegantes e mercadores somalis, e era muito frequentada por árabes e persas. Além disso, Moçambique abriga atualmente uma importante comunidade indiana.
Como boa parte dos países africanos, a sociedade moçambicana é bastante musical. O país tornou-se um dos primeiros ao sul do Saara a registrar em disco os seus estilos, isso em 1930, e entre os territórios de língua portuguesa, apenas Brasil, Portugal e Goa iniciaram antes a gravação de música. É exatamente nesse período (1930-1940) que se desenvolve a marrabenta, estilo musical urbano de Maputo (então Lourenço Marques), influenciada pelo uso do violão aplicado à música tradicional dos tsonga, sendo que alguns deles, como Feliciano Gomes, Aurelio Kowano e Nacio Makanda, deixaram bastante material gravado.
Bibliografia:
Mozambique (em inglês). Disponível em: < http://www.everyculture.com/Ma-Ni/Mozambique.html#b >. Acesso em: 03 nov. 2012.
História e Cultura de Moçambique. Disponível em: < http://vida1.planetavida.org/paises/mocambique/o-pais/historia-e-cultura-de-mocambique/ >. Acesso em: 03 nov. 2012.
Mozambique (em inglês) Disponível em: < http://www.state.gov/outofdate/bgn/mozambique/191089.htm >. Acesso em: 03 nov. 2012.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/cultura/cultura-mocambicana/