Festa Junina em Portugal

Por Ana Lucia Santana
Categorias: Cultura, Portugal
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As Festas Juninas nasceram nas nações européias de fé católica. Elas eram celebradas durante o solstício de verão, ou seja, em junho, no Hemisfério Norte. Nesta ocasião os camponeses começavam a colheita anual. Este evento desembarcou no território brasileiro através dos missionários jesuítas, que vinham para a colônia catequizar os indígenas.

Ao longo do tempo alguns hábitos culturais foram preservados, até mesmo completamente transportados para o Brasil, como o uso das tradicionais fogueiras, atualmente raramente vistas nos festejos portugueses. Outras manifestações culturais, típicas de áreas climáticas como a nossa, e da própria expressão da cultura brasileira, foram acrescidas às festas juninas do Brasil, como bebidas quentes e manjares de milho.

Já em Portugal é comum o tempo quente, o aroma de sardinhas assadas, as pessoas trajando figurinos típicos do calor, casais permutando vasos de manjericão. Aí este evento é conhecido também como a Festa dos Santos Populares, comemorada durante o verão, e não no inverno, como no Brasil. As ruas são decoradas com motivos próprios desta tradição cultural e alguns se vestem de forma especial para dançar as tradicionais marchas portuguesas.

Esta festa foi considerada, recentemente (2009), uma das 20 melhores celebrações dos países europeus. Na Alfama, conhecido bairro português, é possível degustar ginjinhas – bebida preparada com a ginja, uma fruta similar à cereja – e licor de cereja. Vários turistas são atraídos para estas festividades, pela possibilidade de vagar livremente pelas ruas.

Há alguns anos atrás eram comuns as procissões, as quermesses nas ruas, bailes e grandiosos jantares. Algumas destas tradições ainda são cultivadas nas cidades portuguesas, embora haja algumas distinções entre as comemorações no interior e nas metrópoles. Geralmente, porém, os festejos ocorrem ao ar livre. Em Lisboa o foco central é o dia 13 de junho, quando se festeja Santo Antônio, embora o padroeiro da capital seja, na verdade, São Vicente. Isso não significa que durante todo este mês não se possa encontrar outras festas e eventos culturais.

Em Portugal, porém, Santo Antônio não é apenas o santo casamenteiro. Ele é jovial e divertido, e é habitual recorrer-se a ele para tudo, embora neste país sejam famosas as Noivas de Santo Antônio, tradicional festa na qual inúmeros matrimônios são realizados. Na capital portuguesa é comum a produção de um grande casamento, exibido ao vivo pela televisão.

Os famosos vasinhos de manjericão estabelecem um intercâmbio entre os apaixonados, como o correio elegante brasileiro. Eles transportam em seu interior mensagens em verso, declarações de amor que circulam entre os pretendentes. Outro ponto alto da festa são as marchinhas populares, mais ou menos atuais, instituídas a partir de 1932. Elas remetem às festas dos aldeões portugueses e suas celebrações da Primavera. Estas músicas resgatam, de certa forma, os traços rurais tão esquecidos pelos moradores das cidades.

Aos poucos as marchas portuguesas tornaram-se mais trabalhadas, recebendo até mesmo influências decisivas do Carnaval Carioca. As competições interbairros tornaram-se tão disputadas quanto as que se realizam no Rio de Janeiro, entre as escolas de samba.

Fontes
Almanaque Saraiva. Ano 4 - Nº 38 – Junho – 2009.

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