O Japão cultiva a técnica do paisagismo desde tempos ancestrais, provavelmente bem antes do século VI. Os japoneses vêem esta prática como uma das modalidades artísticas mais sublimes, uma vez que ela representa a própria esfera íntima da natureza em uma área restrita, de tal forma que seja possível estabelecer uma harmonia perfeita com o entorno.
Assim, o jardim japonês é o resultado desta arte, uma tradição acalentada nas residências, nas vizinhanças dos parques, em recintos budistas ou xintoístas, e em pontos históricos, como, por exemplo, nos velhos castelos do Japão. Muitos deles, pelo menos os mais conhecidos, são os Jardins Zen, encontrados tanto neste país quanto no Ocidente.
Com certeza os jardins japoneses caracterizam o Japão da era feudal, assim como a antiga e cultuada cerimônia do chá. Além disso, eles conduzem naturalmente seus visitantes a um estado de meditação, calma e espiritualidade. Neste contexto, preponderam os fatores filosóficos, espirituais e simbólicos, valores transmitidos pela água, pelas pedras aí presentes, pelos instrumentos de jardinagem e por toda a flora que nele se dissemina.
Alguns estudiosos afirmam que eles foram importados da China, pois daí se originam os protótipos dos jardins mais antigos, completamente focados na ideia de transmitir lazer e entretenimento aos nobres. Os pertencentes à Era Heian, que vigorou de 794 a 1185, apresentavam constantemente a presença de um lago circundado por uma ilha.
Eles eram edificados com o objetivo de observar a Natureza e suas incessantes mudanças de estação. Deste momento em diante os jardins passaram a conquistar peculiaridades distintas, com a preponderância das diferentes disposições das pedras. Pode-se dizer que alguns recursos são essenciais para a caracterização de um jardim japonês.
O elemento mais conhecido é o Sakura ou a cerejeira decorativa, também denominada flor da Felicidade; ela tem um papel fundamental na cultura do Japão. Entre março e abril os japoneses comemoram o Hanami, data na qual se festeja a floração deste arbusto, um evento que atrai muitos turistas.
O Momiji-Gari ou Acer Vermelho traduz a típica melancolia dos japoneses. A face mística do jardim é conferida pela presença das lanternas de pedra, as quais contribuem para uma melhor concentração e para iluminar a psique; por meio destas luzes são despertados os valores tradicionais e espirituais.
O elemento água é representado pelo lago e pelas carpas, os quais têm significação essencial, pois esta substância é vital para a existência. Os animais, por sua vez, simbolizam a fecundidade e o progresso. O Taiko Bashi ou a ponte é uma trilha que se insinua pelo jardim, significando a ascensão a um estágio espiritual e emocionalmente mais elevado, que implica em crescimento e conhecimento interior; o bambu, dobrável, revela o dom humano de se moldar a qualquer situação e de se transformar.
As pedras das cascatas são o núcleo central do jardim. A rocha posicionada verticalmente simboliza a paternidade; e a inserida horizontalmente representa a maternidade, da qual emana a água. As demais são o retrato dos descendentes. Os bambus têm seus galhos atados, de forma que o arbusto se curve sobre o lago, como se o estivesse reverenciando.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jardim_japonês
http://www.jardineiro.net/br/artigos/jardim_japones.php
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/cultura/jardim-japones/