Segundo a definição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o verbete alfarrábio significa livro antigo ou velho, de pouca ou nenhuma importância, há muito editado, que tem valor por ser antigo. No sentido histórico, a palavra surgiu por causa de Al-Farabi, que foi um dos primeiros filósofos mulçumanos durante e Idade Média. Além filósofo, ele era um grande estudioso, interessado por química, filosofia da religião, ciência política, ética, física e ciência naturais. Portanto, alfarrábio vem de uma pequena alteração de seu nome “Al-Farabi”.
Desde o surgimento das primeiras formas de livros, que eram os papiros e pergaminhos, a informação era carregada de local em local, vendida e trocada. Esse foi o processo pioneiro do que poderíamos chamar de “comércio de livros”. Porém, estas transações intesificaram- se após a invenção de processos de impressão do final da Idade Média e foram potencializadas com o surgimento da máquina impressora (prensa), criada pelo chinês Pi Sheng e aprimorada por Johannes Gutenberg.
Os principais eventos em que as obras eram comercializadas foram os Mess Kataloge (feiras-de-livro) de Frankfurt e de Leipzig. Com o constante crescimento da produção e comercialização dos livros, as livrarias de usados se tornaram uma necessidade na Europa. Por lá, a busca por obras raras ou antigas, geralmente feitas por estudiosos e colecionadores, incentivou a formação de uma cadeia de interesse na compra e venda de livros usados.
Apesar da forte influência da Alemanha na expansão da comercialização de obras usadas, a palavra alfarrábio é uma exclusividade dos portugueses. De acordo com o Prof. Artur Anselmo, “na falta de uma rede organizada de alfarrabistas em Lisboa, era para a Feira da Ladra que, nos meados do século XIX, afluía o papel velho dos livros impressos e manuscritos que sobravam da refrega entre o Liberalismo e os frades. João Pereira da Silva, que nunca fora frade, acabaria por ser conhecido como tal. Viera para Lisboa ais caídos e arranjara um quarto nas imediações da feira. Começou então a adquirir livros e papéis nesse terreiro privilegiado para os pechincheiros. assim constituiu o fundo de alfarrábios com que montou uma loja na Rua dos Retrozeiros nº96, inaugurada em Maio de 1867”.
No Brasil, onde os alfarrábios são conhecidos como sebos, a comercialização de livros usados tem início na segunda metade do século XIX, período em que as máquinas de impressão aportaram no país. Naquela época, já existiam 50 livrarias no estado do Rio de Janeiro e 10 livrarias em Salvador. “ Há de se fazer leilão em casa de Jorge João Dodsworth, numero 14, rua da Alfândega, no dia 7 do corrente mês, às duas horas da tarde, de uma grande coleção de livros em diferentes línguas, de pianofortes, e de trastes de casa”, lia-se em um anúncio publicado no Rio de Janeiro.
Curiosidade:
Além de significar livraria de obras usadas, Alfarrábios também é um dos romances de José de Alencar, publicado no ano de 1873. Esta obra, escrita por um dos mais importantes autores do Brasil é uma trilogia dividida em "O Garatuja", "O Ermitão da Glória" e "Alma de Lázaro".
Fontes:
http://bibliomanias.no.sapo.pt/alfatext.htm
http://www.discolivros.com.br/area_do_bibliofilo/historia_dos_sebos.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfarrábios
http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=alfarrabio&stype=k
http://www.blogsebodomessias.com.br/?p=257