Chama-se griot (pronúncia: "griô") ou ainda jeli (ou djéli) um personagem importante na estrutura social da maioria dos países da África Ocidental, cuja função primordial é a de informar, educar e entreter. É uma figura semelhante ao repentista no Brasil, com a diferença de que constituem uma casta (costumam casar-se somente com outros griots ou griottes, seu equivalente feminino), assumindo uma posição social de destaque em seu meio, pois este é considerado mais que um simples artista. O griot é antes de tudo o guardião da tradição oral de seu povo, um especialista em genealogia e na história de seu povo.
Acredita-se que o termo griot tenha surgido da palavra "criado", em português, idioma que desde o século XV influenciou boa parte da região onde encontram-se tais cantadores. O griotismo, ou seja, a atividade de griot está presente entre os povos mande, fula, hausa, songhai, wolof entre outros (tais povos estão espalhados entre vários países da África, desde a Mauritânia mais ao norte até a Guiné ou o Níger mais ao sul). Por isso mesmo, o griot tem como profissão coletar e memorizar versos de antigas canções e épicos orais que são transmitidos geração após geração, século após século, e deve fazê-lo sem cometer nenhum erro ao cantá-los. Deve ainda estar atento aos acontecimentos, funcionando como um jornalista.
Também podem usar seu conhecimento vocal para a sátira, fofoca, ou comentário político. Como exemplo mais famoso do repertório dos griots temos o Épico de Sundiata, que narra a história de Sundiata Keita, o fundador do Império Mali por volta de 1230.
Os instrumentos utilizados por estes trovadores africanos para acompanhar seu canto são variados e vão desde a harpa africana, a "kora" ou o balafone (semelhante ao xilofone) até as diversas guitarras africanas, como o akonting (tido para muitos estudiosos como o ancestral do banjo moderno), o ngoni, bappe, diassaré, duru, gambaré, garaya, gumbale, gurumi, hoddu, keleli, koubour, molo, n'déré, taherdent, tidnit, xalam e guembri.
Além de todo o valor cultural que tais personagens possuem no contexto social africano, sua música é, de certo modo a base para boa parte da música negra que se desenvolveu na América do Norte, em especial o blues. Muitos músicos modernos de Mali, Guiné e Níger, influenciados pelas linhas musicais dos griot e ao mesmo tempo pelas novidades do estrangeiro, acabaram por adotar a guitarra elétrica, aproximando-se ainda mais do som do blues. Os primeiros artistas griots começaram a gravar no início dos anos 1950 do século XX, em discos 78 rpm, como a griotte Koni Coumaré, que acredita-se ser o primeiro artista malinês a gravar em disco.
Bibliografia:
West African Griots (em inglês). Disponível em <http://www.accessgambia.com/