Angiomatose Bacilar

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Doenças bacterianas
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A angiomatose bacilar, conhecida popularmente como a doença da arranhadura do gato, é uma doença que está inclusa no grupo das bartoneloses humanas.

Esta doença foi descrita pela primeira vez no ano de 1980, em pacientes portadores do HIV. Todavia, até 1993, o termo bartoneloses referia-se somente à doença de Carrión (afecção bifásica oriunda da região andina). Após a junção dos gêneros RochalimaeaBartonella, proposta por alguns pesquisadores, este último gênero passou a retratar diversas espécies, sendo que atualmente são 18 espécies e subespécies classificadas nesse gênero.

Hoje em dia, o termo bartonelose engloba todas as moléstias resultantes da ação desses agentes, entre elas está a angiomatose bacilar. Esta última é causada pelas espécies B. henselaeB. quintana.

As bartonelas são diminutos bacilos ou cocobacilos gram-negativos, que crescem em ágar enriquecido com sangue e em ambiente com CO2 em abundância. São bactérias intracelulares facultativas que aderem e invadem as células endoteliais e as células sanguíneas (eritrócitos).

Em 1988, um grupo de pesquisadores associou a doença ao contato com gatos, demonstrando que a B. henselae replica-se e persiste nas pulgas. Ocorre então a transmissão para o gato da bactéria presente na pulga que, por sua vez, irá transmiti-la ao homem através da arranhadura do felino.

A sintomatologia varia de acordo com o estado imunológico do indivíduo acometido. Apresentam lesões de proliferação vascular causadas por uma resposta angiogênica estabelecida pela bactéria em questão. Estas lesões apresentam localizações diversas, podendo acometer o organismo como um todo, compreendendo as mucosas. Dentre as manifestações clínicas mais freqüentes encontram-se: lesões papulosas, angiomatosas ou papulonodulares, que variam de alguns milímetros a vários centímetros de diâmetro, eritêmato-vinhosas ou da cor da pele; de superfície lisa ou rugosa. Podem ser múltiplas ou isoladas, localizadas ou disseminadas; também podem ser nodulares, móveis ou fixas. Ocasionalmente, estes nódulos podem ulcerar e sangrar, causando dor intensa. Menos freqüentemente, as lesões apresentam-se como placas endurecidas e hiperpigmentadas.

Anteriormente ou concomitantemente ao surgimento das lesões, pode haver febre, de moderada a intensa, bem como anorexia, perda de peso, dor abdominal, náuseas, vômito e diarréia, principalmente quando houver comprometimento visceral. Também pode ocorrer comprometimento ósseo, intracerebral, hepático e esplênico.

Como está doença é potencialmente fatal, além de ser infecciosa, o diagnóstico deve ser estabelecido logo no início da doença. Este, por sua vez, pode ser alcançado por meio de exame clínico, porém deve ser confirmado por meio de exames laboratoriais: cultura, histopatológico, sorologia ou técnicas de detecção gênica.

O tratamento deve ser feito através da administração de antibióticos, sendo que a eritromicina é a droga de eleição. O uso do antibiótico é recomendado por, no mínimo, três meses.

Uma vez que a transmissão se dá por meio dos gatos, a profilaxia é feita evitando-se o contato com esses animais.

Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/abd/v78n5/17563.pdf
http://hivmedicine.aidsportugal.com/html/12_OIR_18.html
http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/am/v22n1/v22n1a02.pdf

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