Anisaquíase é o termo usado da doença aguda no trato gastrointestinal dos seres humanos causada pela ingestão do parasita da família Anisakidae. A doença manifesta-se por cólicas abdominais e vômitos, resultante da ingestão de peixes crus ou mal cozidos contaminados com a larva. A larva pode causar ulceras na parede do estômago com náusea, vômitos e dores epigástricas. As larvas podem migrar para a parte superior atacando a orofaringe e causando tosse. No intestino delgado, elas causam abscessos eosinofílicos. Com o tempo, pode haver perfuração da cavidade peritoneal. Raramente as larvas atingem o intestino grosso.
O agente etiológico é a fase larval dos nematoda dos gêneros Anisakis e Pseudoterranova. O Anisakis simplex (vermes do arenque), Pseudoterranova decipiens (verme do bacalhau ou da foca), Contracaecum spp. e Hysterothylacium (Thynnascaris) spp. são anisaquídeos.
A ocorrência desta doença é comum no Japão devido aos sushis e sashimis, também comum na Holanda, na Escandinávia e na costa do Pacífico da América Latina. No Brasil não há notificação de casos, embora tenha estudos mostrando a existência de peixes contaminados como o dourado, anchova, pargo e peixe-espada na costa brasileira, especialmente no litoral nordeste. Suspeita-se que muitos casos não estejam sendo detectados. A doença é transmitida por peixes e marisco crus, mal cozidos ou insuficientemente congelados ou mal preparados, e sua incidência deve aumentar com a popularidade crescente de restaurantes japoneses.
O diagnóstico da doença é feito pelo exame morfológico do nematoda nos casos onde o paciente vomita ou tosse o vermesou por endoscopia. Outros casos são diagnosticados mediante o achado de lesões granulomatosas com o verme na laparotomia.
Os frutos do mar são as fontes principais de infecções em humanos. Os adultos do A. simplex são encontrados nos estômagos das baleias e dos golfinhos. Os ovos fertilizados do parasita fêmea saem do hospedeiro junto com suas fezes. Na água do mar, os ovos embrionados se desenvolvem em larvas e eclodem. Estas larvas são infectantes aos copépodes e a outros invertebrados pequenos. As larvas crescem no invertebrado e tornam-se infectantes para o hospedeiro seguinte, um peixe ou invertebrado maior, tal como uma lula. As larvas podem penetrar através do trato digestivo nos músculos deste segundo hospedeiro. Alguma evidência existe de que as larvas dos nematodas se movem das vísceras para a carne dos peixes hospedeiros, se estes não forem prontamente eviscerados após a captura. Os ciclos de vida de todos os gêneros restantes de anisaquídeos implicados em infecções humanas são similares. Estes parasitas são encontrados freqüentemente na carne do bacalhau, hadoque, linguado, salmões do pacífico, arenque e outros.
Evitar a ingestão de peixes e frutos do mar crus ou mal cozidos é a melhor medida preventiva. Recomenda-se a evisceração dos peixes logo em seguida à pesca para evitar a penetração das larvas das vísceras para os músculos.
FONTE:
Manual das doenças transmitidas por alimentos. Disponível em http://www.dee.ensino.eb.br/novo/arquivos/manual_doencas_transmitidas_por_alimentos_pdf.pdf
http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/anisakis.htm
Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar - CVE/SES-SP, ano 2000/2001.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/doencas/anisaquiase/