A leshimaniose visceral, também conhecida como Calazar é uma doença que ataca as vísceras, ou seja, órgãos internos do enfermo. A doença é causada por protozoários do gênero Leishmania, a espécie que mais acomete a América é a Leishmania chagasi e é transmitida pela picada de um mosquito popularmente conhecido por mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis). Essa doença se trata de uma zoonose, no qual não só a espécie humana fica doente, mas não são todas as espécies que estão em contato com o parasita que ficam doentes, outros animais vertebrados podem possuir o protozoário mas não desenvolver a doença, funcionando apenas como reservatório e transportando a doença. Outros animais, em especial os cães, desenvolvem a doença de forma bem agressiva, podendo causar queda de pelos, deformidade nas unhas, paralisia e a morte.
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Transmissão
Porém, essa doença não é transmitida através do contado com os infectados, sejam humanos ou não, ela só é transmitida através da picada do mosquito, no qual o mosquito fêmea, no intuito de desenvolver os ovos se alimenta de sangue de animais e pessoas contaminadas com o protozoário dentro das células e que não está na forma contagiosa. Essa forma intracelular não contagiosa é chamada de amastigota, dentro do trato digestório do mosquito sofre uma diferenciação no qual passa a ter a forma infecciosa, migrando para a glândula que excreta a saliva durante a picada. Essa forma contagiosa é chamada de promastigotas. Essa enfermidade é preocupante na área urbana, pois, geralmente os mosquitos picam cães, principalmente de rua contaminados que passam a disseminar o parasita para outros cães de rua e para os humanos.
Sintomas
Nos seres humanos os principais sintomas são o inchaço dos órgãos, longo período de febre, fraqueza muscular, anemia, emagrecimento, complicações na medula óssea, palidez, diarreia, dificuldade de respirar, podendo levar ao óbito se não tratada.
A doença pode demorar para se manifestar após a picadura do mosquito contaminado, em média de 2 a 4 meses, mas em pacientes com o sistema imunológico debilitado o tempo é drasticamente menor, podendo chegar a 10 dias. Há estudos que mostram que o tempo máximo para a manifestação pode ser de até 2 anos.
Diagnóstico
O exame laboratorial consiste em verificar os anticorpos específicos para atacar o parasita, o anti Leishmania, também existe o exame parasitológico, onde é investigado na medula óssea a fase amastigota do parasita, outros lugares como o baço e os linfonodos afetados também podem ser utilizados para exame.
Tratamento
O tratamento para cães e humanos existe, e o tratamento para as pessoas é disponibilizado gratuitamente pelo SUS, mas a atenção a doença ainda continua mesmo após o termino do tratamento, pois se trata de uma doença crônica, ou seja, não tem cura, ela somente é controlada e mesmo sob controle o corpo da pessoa e do cão funciona como reservatório, podendo disseminar a doença infectando os mosquitos. A melhor medida contra a doença é a prevenção, mesmo existindo a vacina para os cães ainda não foi desenvolvida uma vacina eficaz para os humanos. A prevenção é feita combatendo o vetor, com a higienização adequada nas áreas externas das casas como quintais e jardins, utilização de telas, não deixar água parada, higienização do local onde vivem os cães como abrigos e canis, utilizar repelente, especialmente a noite, ao amanhecer e ao entardecer, que é o período de atividade do mosquito, não acumular entulhos de lixo, principalmente os orgânicos que servem de alimento para as larvas, etc.
O Calazar é uma doença endêmica, ou seja, ela não desaparece com facilidade, e sua manifestação fica sendo controlada pelas entidades de saúde, pois se trata de notificação compulsória, no caso de suspeita ou contagio é necessário o envio dos dadas para os órgãos competentes do governo.