Carbúnculo Hemático

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Doenças bacterianas
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O carbúnculo hemático, também conhecido como antraz, anthrax e febre esplênica, afeta animais e seres humanos, sendo geralmente mortal.

Muito provavelmente, esta enfermidade já era conhecida na antiguidade. Aproximadamente no ano de 1490 a.C., a epidemia descrita por Moisés foi identificada como sendo carbúnculo hemático, por diversos autores. No fim do século XVI, aumento a suspeita de que essa doença era transmissível aos humanos. No ano de 1613, morreram cerca de 60.000 pessoas no sul da Europa devido à esta doença. Mas foi apenas em 1769 que a bibliografia científica sobre o carbúnculo começou a ser descrita.

As espécies de animais mais sensíveis à esta doença são os bovinos, ovinos e eqüinos, no entanto, esta última é menos afetada do que os ruminantes citados. Já suínos, aves, caprinos, caninos e felinos, raramente são afetados.

É uma doença cosmopolita, em especial nos países onde há falhas no controle das zoonoses. No ano de 2001, o carbúnculo hemático foi usado como arma biológica nos Estados Unidos, sendo enviado pelo correio, contaminando 23 pessoas, sendo que destas três vieram à óbito.

Seu agente etiológico é a bactéria Bacillus anthracis, uma bactéria anaeróbica, imóvel e capsulada, gram-positiva, que é encontrado nos solos, principalmente de onde já ocorreu a doença, pois sobrevive por vários anos. Quando em meio aeróbico, os bacilos originam pequenos corpúsculos, conhecidos como esporos. Esta bactéria produz toxinas, destacando-se um “fator edema” e um “fator letal”.

Sua forma vegetativa é muito sensível, sendo destruída através da pasteurização, por agentes químicos e durante a putrefação de cadáveres. No entanto, os esporos são altamente resistentes, sobrevivendo à dessecação por anos, agentes químicos e calor.

Geralmente, a via de infecção é a oral, através da mucosa da faringe e do intestino, podendo os esporos ser ingerido através da água, rações e pastos contaminados.

Os sinais clínicos apresentados pelos animais variam, e em certas ocasiões, podem até passar despercebidos em casos curtos. Esta enfermidade é conhecida como moléstia febril, aparecendo sintomas de depressão, debilidade, corrimentos hemorrágicos em diferentes orifícios do corpo e presença de tumefações subcutâneas edematosas. Já em cães, eqüinos e suínos, a infecção se restringe à faringe, havendo o crescimento de linfonodos cervicais, ou então, leva à uma gastrenterite hemorrágica ou aguda.

A necropsia não é muito indicada devido ao risco de contaminação, sendo realizada apenas quando se pretende realizar um diagnóstico laboratorial, que pode ser um esfregaço sanguíneo de animais que morreram recentemente ou ainda estão agonizando; outro material que pode ser utilizado neste exame é o osso da canela.

Na necropsia pode observar-se edemas gelatinosos no ponto de inoculação, congestão generalizada do peritônio e dos órgãos da cavidade abdominal, baço aumentado (esplenomegalia), com uma coloração escura.

Para o tratamento utiliza-se soro anticarbunculoso para neutralizar a toxina liberada pelo bacilo, geralmente combinado com antibióticos como penicilina, por exemplo, que é eficaz no combate ao bacilo, inibindo a multiplicação do agente.

Embora sejam recomendadas medidas como: notificação de casos às autoridades, cremação dos cadáveres, isolamento dos pastos contaminados, desinfecção energética e queima dos utensílios contaminados, drenagem e saneamento de áreas pantanosas, a única medida segura e eficaz é a imunização dos animais contra o agente.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carb%C3%BAnculo
http://www.webrural.com.br/webrural/artigos/pecuariacorte/sanidade/carbunculoh.htm
https://web.archive.org/web/20090611231229/http://www.revista.inf.br:80/veterinaria10/revisao/edic-vi-n10-RL13.pdf
https://web.archive.org/web/20160322141839/http://www.saudeanimal.com.br:80/carbunculo.htm

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