A cardiomiopatia periparto, também chamada de miocardiopatia periparto, é definida como uma doença rara, caracterizada por alterações do ventrículo esquerdo e manifestações de insuficiência cardíaca, que surgem no período periparto ou puerpério.
Esta desordem, de etiologia ainda desconhecida, foi descrita pela primeira vez no ano de 1849, por Ritchie. Embora a causa ainda seja incerta, alguns pesquisadores acreditam que certos fatores podem precipitar o aparecimento desta condição, como hereditariedade, idade materna avançada, hipertensão arterial, deficiência de selênio, multiparidade, resposta imune anormal à gravidez, citocinas ativadas pelo estresse, distúrbios hormonais e tocólise prolongada.
Uma vez que está síndrome é rara, os valores de incidência da mesma variam de 1:1.300 a 1:15.000 indivíduos nascidos vivos, sendo observadas diferenças regionais significativas, com maior incidência em alguns países africanos e no Haiti.
As manifestações clínicas são similares às observadas em pacientes com insuficiência cardíaca decorrentes de outras causas. No entanto, é importante frisar que muitas gestantes podem apresentar, no final da gestação, dispneia, fadiga, edema de membros inferiores, que são sintomas similares aos apresentados em quadros de insuficiência cardíaca congestiva (ICC); todavia, a dispneia paroxística noturna indica que provavelmente há uma descompensação cardíaca.
O diagnóstico habitualmente é feito com base nos seguintes critérios:
- Surgimento de ICC no último trimestre da gestação ou até os últimos seis meses que precedem o parto;
- Exclusão de outros fatores que levem à ICC, como infecções e toxinas;
- Ausência de cardiopatia prévia.
A realização de exames é útil para auxiliar na distinção da causa da ICC. Dentre esses exames estão: eletrocardiograma, radiografia torácica e ecocardiograma.
O tratamento abrange uma restrição na dieta, mudanças no estilo de vida associadas ao tratamento farmacológico. É importante restringir a ingestão de sódio e de líquidos. Além disso, o uso de tabaco deve ser completamente cortado, bem como a realização de exercícios físicos regulares e perda de peso. Quando há alguma outra condição associada ao quadro, como diabetes mellitus, anemia, tireoidopatias ou deficiências nutricionais, a mesma deve ser tratada.
O tratamento farmacológico é similar ao realizado em todos os quadros de ICC. No entanto, em decorrência da vulnerabilidade fetal, o uso de medicamentos deve ser feito com precaução. Como última opção existe a chance de realização do transplante cardíaco.
Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/abc/v70n4/3346.pdf
http://www.scielo.br/pdf/abc/v79n5/12992.pdf
http://www.febrasgo.org.br/arquivos/femina/Femina2009/janeiro/Feminav37n1p13-8.pdf