A coagulação intravascular disseminada (CID), também denominada coagulopatia intravascular disseminada, caracteriza-se pelo aparecimento de miríades de trombos de fibrina no interior dos pequenos vasos sanguíneos, inclusive capilares e sinusóides.
A CID não é uma moléstica primária, ela é acarretada por outros eventos. Em seres humanos, pode ocorrer em intervenções cirúrgicas ou durante o parto, sendo que quase todos os casos estão associados à complicações obstétricas. Em animais, a CID é observada nas infecções sistêmicas graves, choque séptico (endotóxico), neoplasias , queimaduras ou traumas externos, e em seguida a uma cirurgia de grande porte. Existe algumas moléstias virais que estão associadas à CID, como por exemplo, a cólera suína, hepatite infecciosa canina, língua azul, doença de Aleutas e doença hemorrágica epizoótica do cervo. A CID também foi observada em bovinos portadores de sarcoidose aguda, supostamente resultante de uma lesão endotelial pelos esquizontes.
Acredita-se que a patogênese seja a liberação do fator tecidual, fatores do endotélio lesionado, ou a ativação direta de fatores da coagulação por substâncias liberadas na circulação, nesses diferentes distúrbios. Os trombos podem ser encontrados em qualquer órgão ou tecido, mas são especialmente comuns nos pulmões, rins, fígado, baço, glândula adrenal, coração e cérebro, onde pode levar ao infarto, disfunção e sinais clínicos diversos.
A geração de uma trombose intensa resulta na depleção da circulação de plaquetas e dos vários fatores da coagulação e, simultaneamente, ativa o plasminogênio, que não só digere a fibrina, mas também digere o fibrinogênio e os fatores V e VIII. O efeito resultante dessa perda de plaquetas e fatores da coagulação leva à não ocorrência de nova coagulação, e a hemorragia intensa passa a ser um dos achados clínicos principais. Também ocorre anemia hemolítica, resultante da fragmentação dos eritrócitos quando esses corpúsculos atravessam a vasculatura cheia de fibrina (anemia hemolítica microangiopática).
Os problemas de coagulação podem regredir quando se consegue corrigir a causa. Como essa patogenia é um processo mortal, geralmente trata-se de uma emergência até que seja feita a causa da correção subjacente. Pode-se realizar a transfusão de plaquetas e fatores de coagulação, com o objetivo de substituir os que foram consumidos e deter a hemorragia, mas os benefícios desse procedimento duram pouco tempo. Pode-se também ser feito o uso de heparina (anticoagulante) para atrasar a coagulação.
Fontes:
Patologia Veterinária – Ronald Duncan Hunt, Thomas Carlyle Jones, Norval King. Editora Manole, 6° edição.
https://web.archive.org/web/20090521102057/http://www.fmrp.usp.br:80/revista/2001/vol34n3e4/coagulacao_intravascular_disseminada.pdf
http://www.manualmerck.net/?id=181&cn=1425