Colibacilose em Bezerros

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Doenças animais, Medicina Veterinária
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O termo “colibacilose” denomina as infecções que são causadas pela bactéria Escherichia coli, afetando diversas espécies de animais, principalmente bezerros e leitões. Esta é uma das principais causas de diarréia neonatal em bezerros, sendo que existem alguns microrganismos que agem juntamente com a E. coli para causar este sintoma, que são o rotavírus, coronavírus e Criptosporidium sp.

Escherichia coli.

O agente da colibacilose é uma bactéria gram-negativa, pertencente ao Reino Monera, filo Proteobacteria, ordem Enterobacteriales, família Enterobacteriaceae e gênero Escherichia. É um microrganismo aneróbico facultativo, crescendo facilmente na maior parte dos meios de cultura e que habitualmente é encontrado no trato intestinal. Possui 2 µm de comprimento e cerca de 1 µm de diâmetro, parede celular protetora e membrana celular, DNA de fita dupla como material nuclear e plasmídeos. Ao redor da parede celular, são encontradas estruturas denominadas fímbrias que permitem a fixação da bactéria no trato intestinal, impedindo sua liberação junto com a diarréia.

Esta bactéria é classificada dentro de 150 a 200 sorotipos e sorogrupos com base nos antígenos somáticos (O), capsular (K) e flagelar (H). Apenas alguns sorogrupos são patogênicos, sendo classificados baseados na produção de fatores de virulência. Três grupos de E. coli foram identificados como causadores de diarréia em bezerros:

E. coli, tanto isoladamente quanto associada à outros patógenos, é responsável por grandes prejuízos na pecuária de corte. Apesar de ser muito estudada, não foram estabelecidos métodos de contenção do seu avanço e disseminação através dos animais de produção. Existem dois tipos distintos de doença: uma é a colibacilose entérica, caracterizada por diversas formas de diarréia, desidratação, acidose e morte dentro de poucos dias se não for tratada. Já a colibacilose septicêmica (ou Colissepticemia) é caracterizada por uma grave doença e a morte é rápida devido ao estabelecimento do estado de choque. Existem alguns fatores de risco:

Existe uma toxina que é produzida pela cepa O157H:7 de E. coli que coloniza o trato gastrointestinal dos bovinos e pode ser transmitida para o homem através do consumo de carne contaminada mal cozida, sendo que as principais consequências desta infecção nos humanos são a colite hemorrágica e uma síndrome urêmica hemolítica (HUS).

A diarréia pode ser definida como um aumento da perda de água nas fezes, devido a um aumento do conteúdo líquido fecal ou aumento do volume das fezes excretadas, ou até mesmo, da combinação de ambos. Esse desequilíbrio entre absorção e secreção de água e eletrólitos é causada devido a ETEC que se posiciona na mucosa, liberando enterotoxinas, e estas levam à uma diminuição da absorção de íons sódio pelos vilos celulares e, em conseqüência, uma queda na absorção de água.

Os sinais clínicos da doença vão depender de fatores como a virulência da cepa, da idade do animal e da sua imunidade. Inicialmente, é observado uma diarréia pastosa, profusa, amarelada ou esbranquiçada, podendo progredir para diarréia aquosa severa, seguida por desidratação, acidose metabólica e morte. Em alguns casos, a doença pode progredir rapidamente, levando à morte antes do aparecimento da diarréia.

O diagnóstico presuntivo de infecção entérica por E. coli baseia-se no histórico clínico e sinais, determinação de pH fecal, e confirmação por cultura nas fezes. O diagnóstico é mais preciso se a E. coli pertencer a um sorogrupo patogênico e é positivo para os fatores de virulência apropriados para genes prováveis, PCR, prova de algutinação, E.L.I.S.A., imunofluorescência para antígenos fimbriais, teste em ratos e cultura tecidual. O diagnóstico pode ser considerado conclusivo apenas quando são observadas, simultaneamente, evidências histológicas da colonização da mucosa intestinal por bacilos e E. coli K99 positivas são isoladas.

Quando a desidratação e a acidose são intensas, é indicado as soluções que contêm o íon bicarbonato para a hidratação do animal, sendo que animais severamente desidratados é recomendado a fluidoterapia intravenosa, enquanto que para animais com uma desidratação modera recomenda-se fluidoterapia oral. Para o tratamento da infecção pela E. coli patogênica é recomendado a administração de antibióticos de amplo espectro até a revelação do antibiograma. Um dos problemas apresentados pela antibioticoterapia é o rápido desenvolvimento de resistência para bactérias entéricas e a depressão da flora intestinal. Existem drogas que podem auxiliar no tratamento dos sintomas do choque endotóxico, como o flunixin meglumine juntamente com a dexametasona.

O controle a profilaxia desta doença são realizados minimizando o grau de exposição dos recém-nascidos aos agentes infecciosos, as áreas devem possuir boa drenagem, devem também ser protegida do vento e evitar a superlotação. Outro ponto importante é a realização da antissepsia umbilical do bezerro, além da ingestão do colostro pelos bezerros. De um modo geral, o necessário para o controle desta doença é a realização de medidas de manejo que melhorem às condições higiênico-sanitárias do rebanho, associadas ao tratamento precoce dos animais doentes junto com a realização da imunoprofilaxia (vacinação).

A vacinação é muito eficiente no controle de infecção por ETEC e animais jovens. Em fêmeas gestantes, a vacinação é feita com bacterinas contendo os sorogrupos mais importantes. A administração desta é parenteral, de 6 a 2 semanas pré-parto e sua eficácia é variável. Animais que são imunodeficientes podem ser tratados com plasma de animais adultos da mesma área ou ainda com colostro de vacas velhas que fora coletado e armazenado sob congelamento. Existe também uma vacina com uma certa cepa da E. coli que é destinada à bezerros de um a três dias de idade com reforço após duas semanas.

Fontes:
https://web.archive.org/web/20110831190307/http://www.cnpgc.embrapa.br:80/publicacoes/divulga/GCD34.html
https://web.archive.org/web/20120719192717/http://www.pfizersaudeanimal.com.br:80/bov_doencas_colibacilose.asp
Clínica Veterinária Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Eqüinos – RADOSTITS, O.M. 9° Ed: Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, p. 703-720, 2002.

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