COVID-19

Mestre em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas (FIOCRUZ, 2011)
Graduada em Biologia (UGF-RJ, 1993)

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O COVID-19 é o nome da doença causada pelo coronavírus denominado SARS-CoV-2. O vírus tem essa denominação porque pertence à mesma família de vírus que causam a síndrome respiratória aguda grave (SARS: severe acute respiratory syndrome em inglês) e alguns tipos de gripe comum. O nome da doença (COVID-19) indica o agente: CO de corona (o formato em coroa do vírus); VI de vírus; D de doença e 19 de 2019, pois foi descoberta em 2019.

Surgimento

Em dezembro de 2019, ocorreu um surto com cerca de 50 pessoas na cidade de Wuhan, na China. A maioria dos pacientes havia relatado ter estado no mercado Huanan, que é um mercado que comercializa frutos do mar e animais silvestres vendidos vivos ou abatidos no local. Entretanto, muitos dos pacientes do surto não tinham relação epidemiológica com o mercado, sugerindo que haviam outras fontes de infecção envolvidas.

O primeiro caso oficial de COVID-19 foi um paciente hospitalizado em 12 de dezembro de 2019 em Wuhan, China. Estudos posteriores detectaram um caso clínico da doença com sintomas em 01/12/2019. Mas o primeiro artigo científico publicado (Wu, 2020) por pesquisadores chineses, apontava que o fluido broncoalveolar de um paciente de 41 anos internado no Hospital Central de Wuhan continha um vírus de parentesco com coronavírus causadores da SARS e da MERS. Ele demonstrou muita similaridade com um vírus de morcego coletado na China, e daí surgiu a ideia de que o novo coronavírus se originou de morcegos, que é um reservatório conhecido para o Sars-Cov, agente da Sars. No caso da Sars, sabe-se que o vírus foi transmitido de morcegos para civetas (pequenos mamíferos de hábitos noturnos) e deles para o homem. Mas para o Sars-CoV-2, esta hipótese ainda permanece em aberto.

Micrografia do SARS-CoV-2. Fonte: National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) / CC-BY 2.0

Sintomas

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os sintomas mais comuns da COVID-19 são febre, tosse seca, cansaço, coriza, dor de garganta, dificuldade para respirar, perda de olfato (anosmia), alteração do paladar (ageusia), náuseas, vômitos, diarreia, astenia (cansaço), hiporexia (diminuição parcial do apetite), dispnéia (falta de ar). É importante salientar que nem todos os pacientes podem apresentar todos os sintomas.

Cerca de 80 % dos casos são assintomáticos (sem sintomas) ou oligossintomáticos (poucos sintomas). Os 20% restantes requerem atendimento médico porque apresentam dificuldade respiratória. Destes, 5% pode necessitar de suporte ventilatório. Indivíduos idosos e que possuem comorbidades (coexistência de doenças) como pressão alta, problemas cardíacos e do pulmão, diabetes ou câncer, possuem maior risco de ficarem doentes.

Entretanto, indivíduos de todas as idades podem adquirir a doença e ficar gravemente doentes. Qualquer indivíduo que apresentar febre e/ou tosse associada a falta de ar deve procurar atendimento médico.

Transmissão

A transmissão ocorre por gotículas infectadas pelo vírus de indivíduos com ou sem sintomas. Esta forma de transmissão ocorre através da fala, tosse, espirro ou aperto de mãos. Pode ocorrer também a transmissão por gotículas suspensas no ar, que são capturadas pela inspiração. Outra forma de transmissão é a presença do vírus em superfícies e materiais (por exemplo celulares, mesas, talheres, maçanetas, brinquedos, teclados de computador etc.) contaminados pelas gotículas, que são capturados pelas mãos e levados ao rosto. O vírus pode se manter viável por várias horas ou mesmo dias, dependendo da superfície, mas desinfetantes simples podem destruí-lo.

Diagnóstico

  • DIAGNÓSTICO CLÍNICO - avaliação da possibilidade da doença, levando em consideração a apresentação ou não dos sintomas descritos acima.
  • DIAGNÓSTICO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO – ocorre avaliação da associação de sinais e sintomas específicos da doença. Pode ser também avaliado indivíduos com sintomas de SARS que tenham tido contato próximo ou domiciliar com indivíduos com confirmação laboratorial de COVID-19 nos últimos 14 dias antes do aparecimento dos sintomas.
  • DIAGNÓSTICO LABORATORIAL - O padrão ouro para diagnóstico da COVID-19 é o RT-PCR, mas também são utilizados testes sorológicos para detecção do vírus.

1) RT-PCR (do inglês reverse-transcriptase polymerase chain reaction). A confirmação da doença se dá pela detecção do RNA do SARS-CoV-2 na amostra analisada obtida preferencialmente de raspado de nasofaringe. O RT-PCR identifica o vírus no período que ele está ativo no organismo (entre o 3º e o 10º dia).

2) Sorologia – identifica a resposta imunológica do corpo em relação ao vírus. Detecta os anticorpos IgM e IgG em pessoas que foram expostas ao SARS-CoV-2. Este exame é realizado a partir da amostra de sangue do paciente. Recomenda-se a realização deste teste 10 dias após o início dos sintomas pelo menos, porque só há produção de anticorpos após um período mínimo de exposição ao vírus.

3) Testes rápidos – existem dois testes rápidos: antígenos (que detectam proteínas na fase ativa da infecção) e o de anticorpos (demonstram uma resposta do corpo em relação ao vírus). Os testes rápidos possuem uma baixa sensibilidade e especificidade em relação a outros métodos. Segundo o Ministério da Saúde, os testes rápidos apresentam uma taxa de erro de 75% para resultados negativos, significando que o indivíduo supostamente negativo pode ser positivo e transmitir a doença. Estes testes são parecidos com teste de gravidez. Usa-se uma lâmina de nitrocelulose (papel), que ao reagir com a amostra apresenta uma indicação visual em caso positivo.

Leia mais:

Prevenção

As recomendações de prevenção à COVID-19 segundo a Organização Mundial da Saúde são as seguintes:

  • lavar as mãos com frequência até a altura dos punhos, com água e sabão ou higienizar o local com álcool gel em 70%, principalmente quando estiver em ambientes públicos e utilizar transporte público.
  • Cobrir a boca e o nariz com um lenço ou com a parte interna do cotovelo quando espirrar ou tossir.
  • Higienizar as mãos sempre que precisar tocar os olhos, nariz, boca ou a máscara.
  • Evite abraços, beijos e apertos de mãos.
  • Mantenha o distanciamento mínimo de 1 metro entre pessoas em lugares públicos e de convívio social.
  • Higienize periodicamente os objetos que são utilizados com frequência tais como celular, brinquedos das crianças, teclados de computador e etc....
  • Não compartilhe objetos de uso pessoal como talheres, toalhas, pratos e copos.
  • Mantenha os ambientes limpos e bem ventilados.
  • Só saia de casa se for estritamente necessário.
  • Se estiver doente, evite ao máximo contato com outras pessoas.
  • Utilize sempre máscaras quando precisar sair de casa. Elas funcionam como uma barreira física contra gotículas potencialmente contaminadas.

O uso de máscaras, limpeza das mãos com álcool em gel e distanciamento social são as principais medidas individuais de prevenção ao COVID-19. Foto: CGN089 / Shutterstock.com

Leia mais: Prevenção da COVID-19

Tratamento

Não há, até o momento, tratamento específico para a COVID-19.

Se apresentar sintomas, deve-se ficar em isolamento dos outros membros da família, para evitar contaminação. Deve-se também se alimentar adequadamente e beber bastante líquido.

Leia também:

Referências:

Wu, F., Zhao, S., Yu, B. et al. A new coronavirus associated with human respiratory disease in China. Nature 579, 265–269 (2020). https://doi.org/10.1038/s41586-020-2008-3

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