Dermatofilose, também denominada estreptotricose cutânea, “mela” ou “chorona”, é um é doença de caráter infecto-contagioso que acomete a pele de bovinos, equídeos, ovinos, caprinos, suínos, cães, gatos e até mesmo o homem. Seu agente etiológico é a bactéria Dermatophilus congolensis, que gera uma dermatite exsudativa, com erupções crostosas e escamosas.
Os animais assintomáticos são os principais reservatórios dessa bactéria, em consequência do agente ser oportunista e estar presente na pele íntegra, penetrando e colonizando a epiderme em condições favoráveis. A D. congolensis está presente nas crostas secas e pode sobreviver durante muitos meses no ambiente. A transmissão se dá por meio do contato direto entre animais, através de fômites contaminados ou através de ectoparasitas hematófagos que funcionam como vetores mecânicos. A doença manifesta-se quando há uma redução ou alteração das barreiras naturais da pele, como fatores ambientais (chuva, umidade e altas temperaturas).
Quando essa bactéria penetra na pele, resulta em um processo inflamatório agudo que gera um acúmulo de exsudato, pêlos e fragmentos, dando origem às crostas. Geralmente, essas lesões regridem espontaneamente dentro de duas a três semanas. Nos casos de infecção crônica, estas lesões podem durar meses.
As lesões podem surgir em diversas partes do corpo, especialmente na cabeça, pescoço, dorso, laterais do animal e úbere. Nos bezerros, as crostas normalmente surgem primeiramente no espelho nasal alcançando cabeça e pescoço. As lesões caracterizam-se por diminutas crostas formadas na base do pêlo envolvendo-o, com presença de tecido granuloso e exsudato purulento. Sintomas sistêmicos quase não estão presentes, exceto por um aparecimento febril discreto nos casos moderados. Nos casos mais avançados, as lesões cicatrizam sendo facilmente destacadas da pele. Nos estágios finais, há intensa perda de pêlo, com acentuada formação de crostas semelhantes a barro seco e pregueamento.
O diagnóstico é feito através da observação das lesões característica durante o exame clínico realizado pelo médico veterinário, sendo a confirmação feita através de exames laboratoriais, como raspados e biópsias da região abaixo da crosta da lesão. O histórico da presença de dermatofilose também pode auxiliar no diagnóstico.
O tratamento mais eficaz consiste na administração de antibióticos por via parenteral, sendo recomendadas a penicilina e a estreptomicina em dois tratamentos distintos, ou uma aplicação única em altas doses (70.000UI/kg de peso vivo de penicilina ou 70 mg/kg de peso vivo de estreptomicina), ou doses diárias (5.000 UI/kg de peso vivo ou 5 mg/kg de peso vivo, respectivamente) durante cinco dias. No controle de surtos dessa doença, pode ser usada também a oxitetraciclina na dose de 20 mg/kg de peso vivo. Aplicações tópicas quase não são recomendadas, pois o medicamento não alcança as camadas mais profundas da pele. Quando o número de animais acometidos é muito grande, recomenda-se banhos de imersão ou aspersão com sulfato se zinco ou de cobre (concentração de 0,2% a 0,5%).
A profilaxia é feita através do isolamento dos animais acometidos, juntamente com a desinfecção do local e utensílios utilizados no manejo destes animais.
Fontes:
https://web.archive.org/web/20120404190744/http://www.vallee.com.br:80/doencas.php/3/18
https://web.archive.org/web/20111110201443/http://www.cnpgc.embrapa.br:80/publicacoes/doc/doc65/dermatofilose.html
http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/viewArticle/7730/5494
https://web.archive.org/web/20170628203431/http://vetpet.dk/Billeder%20fra%20praksis.htm