Diarréia é a ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas no período de 24 horas, com exceção de lactentes em aleitamento natural exclusivo, que podem, normalmente, evacuar fezes amolecidas em freqüência maior ou igual a três vezes por dia, o que não caracteriza diarréia. Assim, pode-se acrescentar à definição acima a seguinte expressão: “desde que represente alteração no hábito intestinal”.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que cerca de 1 milhão e 800 mil crianças com idade inferior a 5 anos morreram em 2003 em conseqüência de diarréia, sendo que 80% destes óbitos ocorreram nos primeiros dois anos de vida. Por isso a diarréia é um sinal importante na criança.
A diarréia pode ser classificada em dois tipos: agudas e crônicas.
Agudamente a diarréia pode ser conceituada como uma síndrome de má absorção e/ou aumento da secreção intestinal de água e eletrólitos, de etiologia infecciosa (por vírus, bactéria ou protozoário), potencialmente autolimitada, durando, em geral, 5 a 7 dias e, no máximo, 14 dias.
Diarréia crônica define-se como sendo aquela que dura mais de 30 dias ou a ocorrência de três ou mais episódios de diarréia de curta duração no prazo de dois meses.
O baixo peso de nascimento, desmame precoce, desnutrição energético-protéica, idade inferior a 6 meses e infecção por determinados agentes bacterianos são fatores que podem agravar a diarréia aguda, tornando-a crônica.
Os agentes causadores da diarréia podem ser:
- Vírus: Rotvírus, adenovirus, astrovirus.
- Bactérias: Escherichia coli, Shigella sp, Salmonella sp, Vibrio cholerae
- Protozoários: Giardia lamblia, Entamoeba histolytica,Criptosporidium
Esses agentes atuam sobre a mucosa intestinal, aumentando a secreção de muco e diminuindo a absorção de água e eletrólitos.
A presença de sangue indica que a infecção é por agentes invasores da parede intestinal, e neste caso a criança deve procurar auxílio médico.
A diarréia compromete o estado de hidratação do paciente, e se não tratada pode levar a um choque hipovolêmico com conseqüente má perfusão tissular, agravo da acidose metabólica e piora do prognóstico.
Os princípios básicos para o tratamento da diarréia é previnir a desidratação, com o uso de soro caseiro, e ingestão de alimentos com bastante teor líquido (sucos, sopas, frutas) e manutenção de alimentação para não agravar o estado nutricional da criança.
O aleitamento materno é importante nesta fase, e deve ser oferecido à criança com mais freqüência.
Em caso de persistência da diarréia, aparecimento de febre, sangue nas fezes ou queda do estado geral, a criança deve ser encaminhada para avaliação médica.