A doença do soro (DS) é definida como uma reação de hipersensibilidade mediada por imunocomplexos, com subsequente ativação de complementos. Mais detalhadamente, esta patologia é causada quando ocorre a ligação de um antígeno que pode, por exemplo, estar no soro heterólogo, ou certa droga, a um anticorpo. A deposição desses complexos imunes no tecido, por sua vez, pode resultar em uma lesão tissular decorrente da ativação do complemento, formação de anafilotoxinas e quimiotaxia de células polimorfonucleares.
Tem diminuído consideravelmente a incidência desta moléstia, fator que vem acompanhado da diminuição do uso de fontes heterólogas. Todavia, com a ampliação do uso de anticorpos monoclonais, acredita-se que a incidência da doença do soro possa apresentar novos picos dentro das décadas seguintes.
Diferentes fármacos não-proteícos são capazes de causar uma Reação Tipo-Doença do Soro (RTDS). Dentre esses, encontram-se os antibióticos beta-lactâmicos, ciprofloxacin, sulfonamidas, bupropriona, estrepetoquinase, metronidazol, carbamazepina, alopurinol, entre outros. Contudo, a incidência de RTDS é bem inferior a de DS ligada a proteínas heterólogas.
As manifestações clínicas habitualmente surgem dentro de 7 a 10 dias após a administração do agente sensibilizante, sendo este o período necessário para que haja o pico de imunocomplexos circulantes. Dentre os sintomas, observa-se, inicialmente, a cefaléia, que vem acompanhada, por conseguinte, de lesões cutâneas pruriginosas, artralgia, linfadenopatia, edema (resultante do comprometimento renal), turvamento da visão e problemas gastrointestinais, como náuseas, vômitos e dores abdominais. Quando há o comprometimento pulmonar, podem estar presentes: dispnéia, cianose e sibilos.
Esta patologia costuma ser auto-limitada, sendo que a sintomatologia some ao passo que os imunocomplexos vão sendo eliminados do organismo. No entanto, a copiosa administração da substância sensibilizante pode resultar em uma reação potencialmente severa, levando à vasculite, nefropatia, complicações respiratórias e colapso cardiovascular.
O diagnóstico é alcançado através de exames laboratoriais, no qual o hemograma pode evidenciar diversas alterações, como: leucocitose, leucopenia, eosinofilia ou trombocitopenia leve. A velocidade de hemossedimentação encontra-se aumentado, bem como os níveis proteína C-reativa e gamaglobulina. Já a urinálise pode apontar albuminúria e hematúria. Outra alteração é observada nos níveis de complemento (C3, C4 e CH50) que se encontram diminuídos em decorrência da elevação no consumo.
Uma vez que se trata de uma doença auto-limitada, o tratamento deve ser conservador. Alguns fármacos, como a aspirina, podem amenizar as dores articulares; o uso de anti-histamínicos e esteróides tópicos auxilia no controle da dermatite; já a terapia com corticosteróide sistêmico se faz necessária em casos de reação severa, principalmente em casos de glomerulonefrite.
Fontes:
http://www.tuasaude.com/doenca-do-soro/
https://web.archive.org/web/20080617012252/http://www.drashirleydecampos.com.br:80/noticias/1373
http://boasaude.uol.com.br/realce/emailorprint.cfm?id=16091&type=lib
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/doencas/doenca-do-soro/