A fasceíte necrotizante (FN) consiste em uma doença bacteriana infrequente, de evolução rápida, caracterizada por uma extensa necrose da pele, do tecido subcutâneo, fáscias e músculo.
Esta desordem foi descrita pela primeira vez por Jones, durante a Guerra Civil Americana, como uma infecção bacteriana secundária em feridas causadas por armas de fogo, podendo levar à morte.
É mais comumente encontrada nos adultos do que em crianças, sendo observadas algumas condições associadas à FN, como alcoolismo, diabetes, uso de drogas por via endovenosa, alterações dentárias, imunossupressão, foliculites e diminutos traumas.
São vários os agentes envolvidos na FN, compreendo bactérias aeróbias e anaeróbias. Dentre as bactérias encontradas encontram-se o Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus (ambas as bactérias aeróbias, porém podem ser anaeróbias facultativas), que são responsáveis por produzirem toxinas e enzimas que desencadeiam um processo de necrose dos tecidos subcutâneos. Já representando o grupo das bactérias anaeróbias, estão o Clostridium sp., Fusobacterium sp. e Bacteroides sp, que produzem gás e fermentam os tecidos.
Esta desordem costuma iniciar-se em uma área localizada, como resultado secundário de um traumatismo, como, por exemplo, cortes, abrasões, contusões, ferimentos puntiformes penetrantes, picadas de insetos, úlceras na pena, dentre outros. Por conseguinte, irá ocorrer a contaminação bacteriana da local lesado, com o agente disseminando-se pela fáscia muscular. Com a progressão do quadro, há o envolvimento de vasos sanguíneos de pequeno e médio calibre, levando à trombose, podendo a pele, nessa fase, apresentar eritemas e edemas, com consequente surgimento de vesículas e aspecto de “casca de laranja”. Uma vez que há o acometimento de vasos sanguíneos, a oxigenação da pele fica comprometida, resultando em isquemia e consequente necrose da mesma. Raramente há o acometimento muscular.
A melhor forma para se diagnosticar esta doença é por meio do exame anatomopatológico. A tomografia computadorizada com contraste é útil na análise da extensão da infecção.
O tratamento é feito através do debridamento cirúrgico, que deve, de preferência, ser precoce e agressivo, além de uso de antibióticos de amplo espectro e suporte hemodinâmico.
As complicações da FN incluem pericardite, mediastinite, choque séptico, obstrução das vias respiratórias, erosão arterial e trombose da veia jugular. Em muitos casos é necessário amputar membros, quando esses se encontram infectados.
Fontes:
http://www.arquivosdeorl.org.br/conteudo/acervo_port.asp?id=580
http://publicacoes.cardiol.br/abc/2001/7603/7603008.pdf
http://drtavares.com/orientacoes/fasceite-necrotizante.php