Antigamente, o termo gastroparesia era utilizado para definir a diminuição da força de contração da musculatura do estômago. Todavia, nos dias de hoje, é mais utilizado para definir um conjunto de condições caracterizadas por uma lenta passagem de alimentos pelo estômago sem a presença de obstrução no antro, piloro ou duodeno.
Este distúrbio é resultante da lesão dos nervos que inervam o estômago. O nervo vago é responsável por comandar o movimento da comida ao longo do trato digestivo. Quando ocorre lesão naquele, a musculatura deste não trabalha de forma adequada, levando à retenção ou detenção do bolo alimentar.
Em 25% dos casos, a diabetes mellitus é a causa da lesão no nervo. O aumento dos níveis de glicose na corrente sanguínea pode ocasionar mudanças químicas nos nervos, lesando os vasos sanguíneos que nutrem o nervo.
Outras causas incluem:
- Gravidez;
- Fármacos;
- Hipotireoidismo;
- Hipoparatireoidismo;
- Esclerose;
- Uremia;
- Doenças auto-imunes;
- Influenza do tipo-A;
- Anorexia nervosa;
- Bulimia;
- Mal de Parkinson;
- Citomegalovirus;
- Mononucleose;
- Herpes;
- Neoplasia;
- Miopatias;
- Amiloidose
- Déficit de cálcio, potássio ou magnésio.
As manifestações clínicas desta desordem envolvem refluxo gastroesofágico, sensação de plenitude gástrica sem ter se alimentado ou comendo pouco, inchaço abdominal, náuseas, vômitos, perda de peso em decorrência da baixa absorção de nutrientes, alteração dos níveis sanguíneos de glicose, falta de apetite, espasmos da parede do estômago e eructações.
Alimentos sólidos e com elevada quantidade de fibras ajuda a intensificar esses sintomas, bem como alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas.
Caso o alimento permanece por um longo período de tempo no estômago, pode levar à proliferação da flora bacteriana, devido à fermentação do bolo alimentar. Desta forma, este último pode tornar-se uma massa sólida, obstruindo a passagem de alimentos para o intestino delgado. Nesse caso, em pacientes diabéticos fica mais difícil o controle dos níveis de glicose no sangue, uma vez que a absorção deste açúcar ocorre no intestino delgado.
O diagnóstico é alcançado por meio da auscultação do estômago, que revela intenso barulho de digestão, mesmo horas após a última refeição. Exames de sangue são de grande importância para verificar se há desnutrição, desequilíbrio eletrolítico ou alguma doença de base. Caso os sintomas persistam mesmo após a implementação de um tratamento adequado, um exame endoscópico deve ser feito, para pesquisar se há algo bloqueando a passagem do estômago para o intestino delgado. Se não houver nada obstruindo essa passagem, deve-se realizar um estudo do esvaziamento gástrico para confirmar o diagnóstico.
No tratamento da gastroparesia são utilizados fármacos pró-cinéticos, como cisaprida, metoclopramida, domperidona, bromoprida e eritromicina. Outros fármacos também podem ser usados, como derivados benzamídicos, análogos da somatostatina, antagonista dos opóides, dentre outros.
Nos casos mais graves, uma cirurgia para fixação de uma sonda alimentar ligando o estômago ao meio externo, denominada gastrostomia, pode ser necessária, ou ainda a ressecção da parte do estômago que funciona de forma anormal, procedimento chamado gastrectomia.
Caso este distúrbio esteja relaciono a problemas emocionais, como transtornos alimentares ou ansiedade, recomenda-se que seja feito acompanhamento psicológico.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gastroparesia
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42301997000300011&script=sci_arttext
http://www.diabete.com.br/biblio/gastroparesia.html
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/doencas/gastroparesia/