A hanseníase, nomenclatura formal da lepra, é uma doença infecciosa causada por uma bactéria denominada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. A doença causa, sobretudo, lesões de pele e danos aos nervos. Em 1870 a bactéria foi isolada pela primeira vez, pelo pesquisador Gerhard Armauer Hansen. O termo hanseníase é o mais utilizado, isso devido ao estigma da lepra. É uma das doenças mais antigas, com registro de casos há mais de 4.000 anos, na China, Egito e Índia. Na idade média, a doença era muito temida e as pessoas acometidas eram excluídas.
Atualmente, os países com maior detecção de casos são os menos desenvolvidos ou com superpopulação. A Índia é o país com maior indecência da doença e o Brasil fica em segundo lugar.
A hanseníase ocorre principalmente de duas formas: Tuberculoide, onde regiões da pele perdem a sensação e são vistos poucos bacilos. Segundo a classificação da hanseníase, a forma tuberculoide e a forma paucibacilar são praticamente a mesma coisa e a forma lepromatosa (progressiva), muito semelhante à forma multibacilar onde formam-se muitos bacilos, devido a uma progressão da forma tuberculoide. Em termos terapêuticos, somente os tipos paucibacilar (com poucos bacilos) e multibacilar (com muitos bacilos) são considerados.
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Transmissão
A transmissão do M. leprae ocorre a partir do contato com as secreções contendo o patógeno na mucosa nasal. Na forma multibacilar, são disseminados grandes números de bacilos nas secreções nasais e nas lesões. Entretanto, apesar de ser temida, a hanseníase não é altamente contagiosa, geralmente os casos de contaminação ocorrem entre pessoas em contato muito íntimo e prolongado. O período de incubação varia de seis meses a cinco anos, por isso, o tempo do momento da infecção até aparecimento dos sintomas é medido em anos.
Sintomas
Os principais sintomas da doença incluem manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas na pele, principalmente nas mãos, pés, pernas, nádegas, costas e face; alteração da sensibilidade térmica no local das manchas; dor; febre; edemas e dores nas juntas; sangramentos; comprometimento dos nervos periféricos, onde podem surgir dormências em algumas regiões do corpo e alterações de sensibilidade e força muscular, além de dores; úlceras nas pernas e pés e ulcerações quem podem levar a perda dos dedos ou de outras partes do corpo; nódulos no corpo e inchaço nas mãos, orelhas e cotovelos, ressecamento do nariz; ressecamento nos olhos e área de pele seca e com falta de suor, com queda de pelos e alteração da musculatura esquelética, principalmente a das mãos, o que resulta nas chamadas mãos de garra.
Alguns casos não apresentam lesões de pele, apenas comprometimento de nervos periféricos.
Diagnóstico
Envolve a avaliação clínica dermatoneurologica do paciente, por meio de testes de sensibilidade, palpação de nervos e avaliação da força motora. Em casos onde se torna necessário, é feita a baciloscopia, do raspado intradérmico, que pode ser positiva ou negativa, dependendo da classificação operacional (multibacilar/paucibacilar). A coleta é realizada nas orelhas, cotovelos e da lesão de pele, e ainda pode ser realizada biópsia da lesão ou de uma área suspeita.
Tratamento
O tratamento com antibióticos, como a dapsona, que pertence ao grupo das sulfonas, a rifampina e clofazimina, são os principais meios no tratamento específico da hanseníase. O tratamento é oferecido pelo SUS e é denominado de poliquimioterapia, porque utiliza a combinação das drogas. Os medicamentos são destinados ao tratamento de todas as formas de hanseníase, curam a doença, interrompem a transmissão e previnem as incapacidades físicas.
A rifampicina é um excelente antibiótico e extremamente eficiente, que elimina até 90% dos bacilos. Uma vacina também é utilizada de forma complementar ao tratamento.
Prevenção
A melhor forma de prevenção é o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, com a busca ativa de casos, principalmente entre as pessoas que convivem com o doente, pois a detecção precoce previne as incapacidades, assim como o exame clínico e a indicação de vacina BCG, destinada para o tratamento da tuberculose, que é capaz de proteger até certa extensão da hanseníase, melhorando a resposta imunológica dos pacientes.
Fontes:
https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/hanseniase/9/
https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/sintomas-doencas-tratamentos/hanseniase/
http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=3237
TORTORA, G.J., FUNKE, B.R., CASE, C.L. Microbiologia. -8. ed.-Porto Alegre: Artmed, 2005.