Hiperecplexia

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Doenças genéticas
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

A hiperecplexia é uma doença genética, caracterizada por um distúrbio de movimento, que embora seja grave, é pouco estudada, provavelmente em função da reduzida incidência em relação a outras moléstias similares.

Esta condição é transmitida por um traço dominante autossômico, resultante de uma mutação na subunidade alfa 1 do receptor glicina. Este último é codificado no braço longo do cromossomo 5 no locus cromossômico 5q33-q35.

O termo hiperecplexia é oriundo do grego, que significa “pulo” ou “espasmo exagerado”. Deste modo, consiste em reações involuntárias de sobressaltos resultantes de algum tipo de estímulo (visual, tátil ou auditivos).

O reflexo do sobressalto causado por esta condição consiste na reação de alerta, juntamente com o piscar de olhos, caretas, elevação dos ombros e flexão da cabeça, cotovelos, tronco e joelhos. Sabe-se que o cansaço e a tensão exacerbam a reação, enquanto que ocorre diminuição da repetida estimulação.

Os ataques habitualmente estão relacionados com o aumento do tônus muscular e clônus (série de contrações musculares involuntárias) espontâneo. Em certos casos, pode ocorrer perda de tônus muscular associada a uma sensação de enrijecimento da musculatura.

Quando ocorre uma reação demasiada de sobressalto, esta pode ser seguida de queda, possivelmente causada devido à perda do controle postural. Esta queda pode resultar em problemas mais sérios, bem como pode também haver consequências mais graves decorrentes da tensão muscular, como o deslocamento da bacia e hérnias.

A apresentação neonatal, conhecida também pelo nome de síndrome do bebê enrijecido ou síndrome do homem rígido no recém-nascido, caracteriza-se por hipertonia que se inicia logo no primeiro ano de vida do indivíduo, manifestando-se, em especial, ao redor dos ombros, apresentando sobressaltos em excesso que podem ser gerados por meio de batidas na ponta da glabela (espaço existente entre as sobrancelhas), bem como por meio da alimentação; contudo, pode surgir espontaneamente. Este sobressalto conseqüente da batida glabelar resulta não apenas em um aumento do tônus muscular, mas também pode levar à apnéia em lactentes. Também pode ser observado sufocamento freqüentemente e dificuldade para deglutir. Ao passo que a idade avança, o indivíduo pode apresentar hiperrreflexia, marcha atáxica e clônus rítmico.

A transição do estado de alerta para o sono possibilita a normalização do tônus basal, mas em certos casos, os pacientes evidenciam abalos mioclônicos copiosos e violentos dos membros mesmo durante o sono tranqüilo.

O diagnóstico pode ser detectado por meio do eletroencefalograma.

O tratamento de eleição é o medicamentoso, no qual se utiliza o valproato e o clonazepam. Este último é utilizado em doses relativamente elevadas; todavia, a sintomatologia pode ser controlada apenas parcialmente. Este mesmo pode auxiliar na prevenção de problemas neonatais. Em certas situações de aumento do tônus, pode não ocorrer resposta positiva à administração de benzodiazepinas, porém a flexão forçada dos membros inferiores, da cabeça e do tronco pode interrompê-los. Acredita-se que casos familiares respondam melhor ao clonazepam. Nos casos em que este último é ineficaz, o ácido valpróico, o 5-hidroxitriptofan, ou o piracetam podem levar à redução do sobressalto anormal.

Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572002000700011&lng=pt&nrm=iso

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!