Leishmaniose

Mestre em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas (FIOCRUZ, 2011)
Graduada em Biologia (UGF-RJ, 1993)

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Leishmaniose é o nome dado a um conjunto de doenças infectocontagiosas, zoonóticas, que acometem homens e animais. O agente etiológico compreende alguns protozoários do gênero Leishmania spp. Apresenta diversas formas de manifestação, de acordo com a espécie de parasita que infecta o organismo, apresentando formas que atingem somente a pele (Leishmaniose cutânea - LC - ou Botão do Oriente), pele e mucosas (Leishmaniose tegumentar americana - LTA - ou Cutâneo-mucosa) e órgãos internos (Leishmaniose visceral – LV - ou Calazar). A LTA é uma doença parasitária da pele e mucosas, que possui várias apresentações. A Leishmaniose tegumentar americana é a forma mais comum nas Américas e no Brasil. Ainda hoje é um grave problema de saúde pública em nosso país, e no mundo. É uma doença de notificação compulsória no Brasil. A leishmaniose visceral (LV) ou Calazar (também chamada de Febre Dundun, Doença do Cachorro), é uma zoonose que afeta o homem além de outros animais. A transmissão ocorre, no Brasil, pela picada de flebotomineos (insetos parecidos com mosquitos) do gênero Lutzomya spp. A doença pode acometer mamíferos silvestres e domésticos. Os cães e roedores são os reservatórios primários do agente. Por sua vez, os cães são considerados um dos principais reservatórios, por conta da sua proximidade com o ser humano. Neste artigo iremos falar um pouco da LV e da LTA.

Agentes etiológicos

LTA: as principais espécies envolvidas na transmissão no Brasil são: Leishmania Viannia braziliensis, Leishmania Leishmania amazonensis e Leishmania Viannia guyanensis; LV: No Brasil é causada por um protozoário da família tripanosomatidae, gênero Leishmania, espécie Leishmania chagasi. Apresenta duas formas: amastigota (intracelular em vertebrados) e promastígota (tubo digestivo dos vetores invertebrados).

Transmissão

Na leishmaniose tegumentar americana (LTA), a transmissão ocorre pela picada de insetos flebotomínios do gênero Lutzomya, com período de incubação médio de 2 a 3 meses, mas podendo ir de 2 semanas a 2 anos. Não existe transmissão homem a homem. Na LV, a transmissão ocorre pela picada da fêmea do flebótomo Lutzomia longipalpis. Também não ocorre transmissão pessoa a pessoa, nem animal a animal. O período de incubação varia de 10 dias a 24 meses, mas a média é de 2 a 4 meses.

Sintomas

LTA: a forma clássica são pápulas, que evoluem para úlceras e/ou placas verrucosas. A forma mucosa se caracteriza por infiltrados e destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe. Nas formas mais graves pode apresentar dificuldade de engolir, alteração da voz, insuficiência respiratória por edema de glote, pneumonia por aspiração e morte. Na LV, os sintomas se caracterizam por: por febre de longa duração, perda de peso, perda ou diminuição da força física, fraqueza muscular, desnutrição, queda de cabelos, hepatoesplenomegalia acentuada, palidez na pele, vários episódios de hemorragias (a amenorreia nas mulheres é um exemplo), retardo no crescimento.

Diagnóstico

Na LTA o diagnóstico é realizado em pacientes com lesões suspeitas através da intradermorreação de Montenegro (IDRM) positiva, e pesquisa do parasito na borda de lesões ou material de biópsia ou em material histopatológico. Pode ser realizado também isolamento do parasito em cultura com meios específicos. A imunofluorescência pode ser utilizada como diagnóstico diferencial com outras doenças. Na LV, o diagnóstico é clinico-epidemiológico com apoio de exames laboratoriais: sorologia (imunofluorescência e ELISA) e parasitológico: material retirado de baço e medula óssea.

Tratamento

O mesmo tratamento é utilizado para LTA e LV: medicamento utilizado é o antimonial glucamina.

Prevenção

LTA: Diagnóstico precoce, tratamento adequado dos casos humanos e redução do contato homem-vetor; uso de repelentes, mosquiteiros, telas finas em portas e janelas. Nas áreas endêmicas de LV, faz-se necessário reforçar as medidas de controle especialmente no respeito aos cães infectados.

Bibliografia:

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Centro Nacional de Epidemiologia. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. Vol. 2, Brasília, 1999. 200 p.

Leishmaniose cutâneo mucosa ou tegumentar americana. Disponível em http://www.dermatologia.net/cat-doencas-da-pele/leishmaniose-cutaneo-mucosa-ou-tegumentar-americana/ 

PIRES, A. M. S.; COSTA, G.C.; GONÇALVES, E. G.R.; ALVIM, A. C.; NASCIMENTO, F. R.F.Aspectos imunológicos e clínicos da leishmaniose tegumentar aericana: uma revisão. Ver. Ciênc. Saúde. vol.14, n.1, p.30-39.

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